O QUE É QUE O MENTIROSO TEM? por Alexandre Libório

Quem conhece a música “O Que é Que a Baiana Tem?” Acredito que quase todos os brasileiros já escutaram ou pelo menos ouviram falar. Composta em 1938 por Dorival Caymmi, ganhou o mundo na voz e bailados de Carmen Miranda no filme “Banana da Terra” (1939). Conhecida por todas as gerações que sucederam a sua criação, a canção descreve com beleza e leveza a graça, as vestes e os balangandãs da baiana.

Quem assistiu ao filme “O Mentiroso”, produção de 1997 protagonizada por Jim Carrey no papel de um inescrupuloso advogado de Los Angeles que ama por demais o filho, mas é incapaz de cumprir as promessas que faz e mente compulsivamente? Quem viu deve lembrar que o comportamento de Fletcher Reede, o personagem, causa muitos problemas com o menino e a ex-mulher. Cansado de tantas mentiras, o garoto só tem um desejo: que o pai diga a verdade.

O que há de comum entre a música e o filme? Aparentemente nada. Ambos são atrações, embora a música seja sucesso até hoje e a produção cinematográfica, nem tanto. De qualquer modo, tanto o título da composição de Caimmy quanto o filme servem ao propósito deste artigo. Porque referenciam a enganação e a falta de escrúpulos que caracterizam a maneira como o Brasil vem sendo governado nos últimos dois anos, dez meses e 17 dias.

Entre os cidadãos do bem atordoados diante de tamanha incompetência de gestão e o mal que essa desgovernança causa à maioria, a expectativa dos sensatos e responsáveis patrícios acredita num desfecho de efeito passageiro quanto às inúmeras mentiras pronunciadas insistentemente. Que todos os responsáveis diretos por essa ruína sejam desmascarados definitivamente, punidos pela desgraça que produzem e seus apoiadores finalmente despertem do estado hipnótico em que se encontram.

Essa esperança se faz premente face às necessidades de um povo que pede socorro e urgência para se manter vivo. É difícil ouvir diariamente discursos enganosos sobre a situação econômica do país “em prosperidade”. Enquanto a lorota está sendo proferida, o povo faminto enterra a cabeça dentro de um caminhão de lixo à procura de alimentos. Apoiar um dirigente que tergiversa essa situação é ser conivente com ele. Não há distinção entre quem manda e quem acredita em suas falácias.

A nossa vergonha diante da multiplicidade de mentiras disseminadas se tornou internacional. No exterior, a nossa economia está sendo divulgada com números adulterados, assim como os dados da Amazônia, como se os chefes de outras nações não conhecessem o real quadro do nosso país. A economia é retratada em relatórios de organizações de âmbito internacional, enquanto a Amazônia é monitorada por suportes tecnológicos de várias nações.

Não sabemos quando a nossa pátria conseguirá se reerguer depois dos inúmeros e consecutivos estragos dos quais está sendo vítima. A irresponsabilidade paira em todos os setores, seja na economia, meio ambiente, saúde, educação, todos recaindo sobremaneira na população sofrida por tantos desprovimentos. E a mentira continua cotidianamente, impávida e acatada pelos crentes carentes de sensatez.

A desumanização em cartaz dói. Dói muito. É preciso gritar por nossos irmãos que não têm meios nem força suficiente para manifestar a sua dor. Dor da pobreza. Dor de ter um governo desvairado mostrando ao povo o que o mentiroso tem.

  • A imagem que ilustra o artigo foi copiada de almanaquesos.com
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