Estado não atualiza Plano de Recursos Hídricos há 15 anos

Barragem Canafístula II, no Brejo da Paraíba — Foto: Divulgação/Cagepa

Desde fevereiro de 2020 barragens como a Canafístula II avisam que estão secando (Foto: Cagepa)

O desabastecimento de água tratada no Brejo poderia ser prevenido ou resolvido se a Paraíba atualizasse regularmente o seu Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH). O que existe foi elaborado em 2006, mas apenas em 2016 o governo do Estado iniciou uma atualização que deveria terminar em 2018 e foi prorrogada por mais dois anos.

Além de obrigação imposta por lei de 1996, o PERH é fundamental para o gerenciamento, monitoramento e planejamento dos recursos hídricos do Estado. O Plano deve ser atualizado anualmente, pelo menos, inclusive para subsidiar medidas que evitem, por exemplo, o colapso no abastecimento de cidades como Bananeiras e Solânea, anunciado oficialmente semana passada.

Conforme ressalta o documento de sua criação, o PERH contém “importantes documentos sobre estudos básicos e regionalização, cenarização de alternativas e propostas de programas” que atendam a uma política de recursos hídricos digna do nome e acabem com o improviso das ações emergenciais de curto prazo e resultados incertos.

Nos termos da Lei nº 6.308, de 2 de julho de 1996, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos, o PERH deve ser avaliado anualmente pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos a partir de relatório sobre a situação das bacias hidrográficas da Paraíba. O documento serve, inclusive, para atualizar o próprio orçamento de investimentos na área.

Por sua vez, o relatório a que se refere a lei deve conter informações seguras e precisas sobre qualidade, disponibilidade e demanda de água em todo o Estado, definindo diretrizes que orientem os planos diretores municipais sobre crescimento urbano, proteção de mananciais, exploração mineral, irrigação, saneamento, pesca e piscicultura.

A execução do PERH cabe à Aesa, a agência estadual das águas, que em 2018 contratou a cearense Ibi Engenharia para atualizar o Plano. Serviços realizados até agora, como reuniões virtuais e presenciais, renderam pouco mais de R$ 229 mil para a empresa em 2020. Este ano, a Ibi deve receber mais R$ 350 mil, conforme empenho informado pelo governo ao Tribunal de Contas da Paraíba (TCE).

Este blog pede e tenta desde segunda-feira (13) receber informações e explicações da Aesa sobre as razões da defasagem e atrasos no processo de atualização do PERH, além dos valores envolvidos no contrato. Ontem (15), enviou pedido semelhante a Ibi Engenharia. Até 16h de hoje (16), nenhum retorno do agente público ou privado demandado por email e telefone para prestar os esclarecimentos solicitados e devidos.

É BOM ESCLARECER
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7 Respostas para Estado não atualiza Plano de Recursos Hídricos há 15 anos

  1. Vinicius escreveu:

    Pior que a diminuição do efeito das crises hidricas poderia ser minimizado, pois o planejamento permitiriam um maior controle dos recursos hidricos

  2. Maryanna Cleide Farias Ribeiro Marques escreveu:

    Se analisarmos a Lei N° 6308 de 1996, ela visa assegurar o uso integrado e racional
    dos recursos hídricos, para a promoção do desenvolvimento e do bem estar da população do Estado da Paraíba.
    Na sua elaboração deverão ser compatibilizadas as questões interbacias e consolidados os programas anuais e plurianuais de cada Bacia Hidrográfica.

    A partir de um sistema Integrado de planejamento e gerenciamento de recursos hídricos consegue-se elaborar os planos das Bacias Hidrográficas, que conterão,
    as diretrizes gerais a nível regional capazes de orientar Planos Diretores Municipais; Metas de curto, médio e longo prazos para se atingir índices progressivos, como: planos de utilização prioritária e propostas de enquadramento dos corpos de água em
    classes de uso preponderante; Programas Anuais e Plurianuais de utilização, recuperação, proteção e conservação dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica correspondente, inclusive com especificações dos recursos financeiros necessários.

    Os fatos citados na reportagem nos faz cada vez mais dar destaque para a importância da existência de um Plano de Gestão de Recursos Hídricos, uma difícil realidade, mas bem viva no nosso brejo.
    Não podemos deixar de lado um viés tão importante!

  3. Pablo Henrique do Nascimento Vasconcelos escreveu:

    A não criação e a falta de atualização do Plano de Recursos Hídricos de um estado pode acarretar problemas em relação ao abastecimento de água do mesmo, o que está claramente evidenciado nesse caso. Quando se trata de lugares em que a disponibilidade de água é menor e há a possibilidade de escassez em períodos extremos, esse risco é aumentado em grande escala. O estado necessita dos dados e informações presentes no PERH para saber as condições hídricas das suas cidades, sendo dessa forma possível encontrar onde estão as adversidades, para posteriormente, utiliza-lo na tomada de decisões para sanar todas as irregularidades.
    Sabendo disso, é um tanto problemático a falta de comprometimento com a questão hídrica por parte do estado e da AESA tendo em vista todo o histórico que a região possui nesse quesito, histórico este que seria suficiente para considerar tal questão uma prioridade.

    A falta de transparência e participação pública na atualização do PERH também é um ponto a ser levantado, uma vez que a sociedade deve estar a parte desse processo e saber qual o progresso alcançado até então. Atualização essa que curiosamente corre desde 2018, já custou mais de meio milhão de reais e até então não foi concluída, enquanto os problemas seguem recorrentes e sem previsão de solução.

  4. Gabrielle Moraes escreveu:

    A atualização do Plano Estadual de Recursos Hídricos é essencial para a avaliação da disponibilidade hídrica, buscando promover a racionalização do uso das águas, além de estabelecer diretrizes para os programas e comitês de recursos hídricos. Quando isto não ocorre, torna-se mais complexo promover visões e cenários de longo prazo, sendo prejudicial em inúmeros sentidos, levando em consideração os períodos de seca existentes na Paraíba.

  5. Fabio Queiroz escreveu:

    Matéria muito importante! Devemos ter como premissa que a água é um recurso natural limitado e uma gestão transparente é de extrema importância para proporcionar o uso múltiplo da água. A Gestão Pública precisa entender que o processo de licitação e contratação das empresas que irão desenvolver e gerenciar o PERH não devem ser mais importantes que o controle e fiscalização do que está sendo desenvolvido pelas contratadas. Além disto, é necessário a transparência desses procedimentos, sendo divulgados principalmente pelos órgãos públicos gestores para que, como dito no texto, não seja necessário termos que buscar informações e ficarmos a mercê da Agência responder acerca do andamento do Plano. Seria muito eficiente se fosse desenvolvido um modo mais eficaz e transparente de informações sobre o que está ocorrendo, principalmente para as Associações de usuários de água e Comitê de bacias (talvez por envio de laudos periodicamente). No mais, parabenizo ao Sr. Rubens Nóbrega pela exclente discussão, espero que obtenhas respostas das entidades referente a atualização do PERH, estarei acompanhando!

  6. Jénifer escreveu:

    A não atualização do plano de recursos hídricos causa um grande problema, porque se o plano fosse feito não estariam as cidades com problema de recursos hídricos, que poderia ter sido evitando apenas com a atualização.

  7. Edson escreveu:

    Em qualquer município, uma boa gestão hídrica é de fundamental importância para o desenvolvimento da região. O desenvolvimento passa pela água. Nesse sentido, é importante que seja dito que a geração de emprego e renda é praticamente inexistente sem a presença da água, inclusive a vida é inexistente sem água. O não planejamento do mais importante recurso natural que possuímos é fator limitante na vida do cidadão. Quando esse planejamento não acontece tratam de abastecer essas cidades com o velho conhecido da população dos interiores, o caminhão pipa. Além da pouca água ofertada pelos caminhões vem um problema tão grande quanto a falta do recurso que é a contaminação dessa água por patógenos. Se ilude quem pensa que a qualidade dessa água é a mesma entregue pela CAGEPA, não é mesmo. Só sabe o que é sede, quem passa. A celeridade não veio ontem, não veio hoje e queira a Deus que venha amanhã. Queira Deus, mesmo! Pois se depender de nossos governantes…