A ERUPÇÃO IMPREVISÍVEL E A BRUTALIDADE DO ESTADO, por Francisco Barreto

Policiais reprimem manifestação em Psris (Foto: Superinteressante)

Polícia reprime manifestação em Paris 68 (Foto: Superinteressante)

Medidas drasticamente repressivas em maio de 1968 provocaram a reação imediata dos alunos de uma das mais renomadas universidades do mundo, atingiu a Sorbonne, em Paris.

A polícia reprimiu os estudantes com violência durante vários dias e as ruas de Paris viraram cenário de batalhas campais. Os Boulevares Saint Germain e St. Michel foram os ádrios sangrentos da violência. Os CRS não hesitaram em bater com uma fúria violenta que apenas tinha paralelo à época da ocupação nazista e do Governo de Pétain e Vichy.

O balanço dos conflitos na noites de 10/11 de maio de 68: por muita sorte, nenhum morto, apesar dos 22 feridos em estado grave, parte de um total de 367 feridos – 251 policiais e 102 estudantes. Um total de 460 jovens foram presos, deixando 188 carros destruídos, mobiliário urbano danificado, fachadas de prédios incendiadas e um trauma histórico em Paris.

A reação brutal do governo só ampliou a importância das manifestações: o Partido Comunista Francês anunciou seu apoio aos universitários e uma influente federação de sindicatos, a CGT, convocou uma greve geral para o dia 13 de maio. A violência foi o estopim. Mostrou a brutalidade da repressão do Estado. Os CRS já tinham uma história maculada pelo sangue derramado na guerra da Argélia no massacre de Argel. Toda esta violência indignou as famílias francesas.

Da fagulha estudantil o movimento cresceu tanto que possibilitou a emergência de uma greve de trabalhadores PCF/CGT, que passaram a conduzir o processo reivindicatório que balançou o governo do então poderoso presidente da França, Charles De Gaulle.

A santa fúria dos insurgentes de 68 passou aderir a um adicional objetivo ao defenderem e elevar as condições de vida dos trabalhadores. A revolta foi além do que ocorria nas universidades e liceus contra um mundo autoritário com uma visão de vida ultrapassada. Os jovens operários que se lançaram na revolta, fazendo ataques às dinâmicas autoritárias.

Os operários se uniram aos universitários e promoveram a maior greve geral da Europa, com a participação de cerca de 10 milhões de pessoas. Isso enfraqueceu politicamente o governo francês. O general De Gaulle depois renunciou e se refugiou em Colombey- Deux Églises.

“A noite das barricadas não foi só em autodefesa, mas um dos símbolos de liberdade que ficará para sempre na história”, disse Cohn-Bendit, líder máximo do movimento.

No auge do movimento, quase dois terços da força de trabalho do país cruzaram os braços. Denunciada de início pelos partidos tradicionais de esquerda como uma revolta de “jovens burgueses”, aos quais acabariam virando aliados de ocasião.

Houve de fato uma grande greve operária, a maior do pós-guerra com ocupação de grandes indústrias.

A revolta também ocorreu nas indústrias e foi promovida pela geração nascida no pós-guerra. Eles disseram à geração anterior, que participou da guerra: “Nós não queremos o mundo que vocês organizaram”.

Para os estudantes havia a consciência de que um mundo novo tinha que nascer. E de fato as transformações reformistas deram um novo e consciente rumo à sociedade francesa. Foram igualmente abaladas as bases de uma esquerda sectária e míope submissa ao mundo soviético e chinês.

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