EXTRAORDINÁRIA E SUBJUGADA, por Babyne Gouvêa

Mitza e Albert em foto pessoal (Wikimedia/Uol)

Neste ano se comemora o centenário do Prêmio Nobel concedido ao cientista Albert Einstein, por suas contribuições à Física Teórica e, especialmente, à explicação do Efeito Fotoelétrico. Esta é uma oportunidade para enaltecer a primeira esposa do físico laureado – Mileva Maric Einstein, ou Mitza, como gostava de ser chamada.

Essa mulher genial foi uma física e matemática em uma época – início do século XX – em que pouquíssimas mulheres frequentavam os bancos das universidades.

Teve que deixar a Sérvia para estudar em Zurique, onde foi aceita numa turma como única aluna do sexo feminino, demonstrando ser notadamente talentosa para superar as restrições ao ingresso de mulheres.

Um dos colegas de classe de Mitza era Einstein. Ao contrário do que muita gente pode pensar, ele tinha a reputação de indolente. Ela, por sua vez, tinha fama de boa aluna e o ajudava a resolver os desafios de classe. Não tardou para a relação virar amor.

Começaram o romance e tiveram uma filha (que pode ter morrido; há dúvidas a respeito), mas ele não chegou a conhecê-la. O parto se deu na Sérvia, por convenções sociais da época, já que a gravidez ocorreu antes do casamento.

Ela voltou a Zurique e se casaram. Mitza merece reconhecimento por diversas razões. A principal delas é que ela foi uma das primeiras físicas do mundo a enfrentar um sistema tradicionalmente masculino para poder estudar. Mas foi afastada dos estudos pelo casamento e o nascimento de outros filhos.

Enquanto Einstein seguiu podendo se dedicar integralmente à pesquisa, Mitza precisou abdicar da carreira pela família. É preciso reconhecê-la por sua contribuição à participação das mulheres na ciência.

Anos depois se separaram, e Einstein escreveu para Maric oferecendo o dinheiro do Prêmio Nobel que acreditava ser candidato a receber – e de fato recebeu em 1921 -, como parte do divórcio dos dois. Poderia ser uma espécie de compensação pela participação dela no trabalho. Entretanto, há controvérsias.

A sua trajetória interrompida como cientista foi bem diferente da experiência de outra pesquisadora de sua época, Marie Curie. Esta brilhante estudiosa pode conciliar a vida familiar com a ciência. Para isso teve todo o apoio do marido. Chegou a ser condecorada com dois Prêmios Nobel.

A vida da matemática e física Mileva Maric não pode ser ignorada. Muito se discute sobre a sua contribuição ao trabalho do ex-marido; alguns historiadores da ciência negam, enquanto outros, baseados nas cartas trocadas entre o casal, alegam que ela foi fundamental para a pesquisa e cálculos nos primeiros artigos publicados por Einstein.

Mesmo que a sua participação tenha sido de mera coadjuvante, o seu talento não pode ser resumido a uma simples citação nos anais do famoso físico. Na História da Ciência, Mileva Maric ocupa um lugar de destaque e manterá a sua luz acesa, sem a sombra do renomado cientista.

Fonte:
http://einsteinpapers.press.princeton.edu

É BOM ESCLARECER
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Uma resposta para EXTRAORDINÁRIA E SUBJUGADA, por Babyne Gouvêa

  1. Excelente artigo, Babyne, produto de suas pesquisas sobre o papel da Mulher na Ciência, que é omitido, salvo raras exceções, como a citada Madame Curie.
    Contribuiu para esse anonimato o “destino” de ser sòmente criadora de filhos, sina que só foi interrompida nos anos 1960.
    Parabens, madame Gouvea!