OUTRO JEITO FASCISTA DE SER, por José Mário Espínola

Li na imprensa que advogados pretendem dificultar o exercício da profissão por parte do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Embora eu tenha as minhas dúvidas quanto à retidão do Sr. Moro na condução de processos da Lava Jato, pois acho que ele agiu politicamente exercendo um papel que lhe coube num amplo plano para retomada do poder político no país, eu também acho que não se pode proibir alguém de trabalhar, salvo por impedimento legal. O trabalho é sagrado para o homem.

Mesmo assim, tenho que concordar com alguns argumentos dos causídicos. Realmente, o juiz que se despe da toga e parte para advogar leva algumas vantagens. Uma das principais é a capacidade de influência junto aos seus antigos pares. Dizem alguns advogados que os ex-magistrados têm conhecimento de possíveis esquemas dentro do ambiente judicante. Será possível? Outra vantagem é o profundo conhecimento acumulado ao longo da magistratura, aumentando as suas chances de sucesso em eventuais causas que venha a defender.

As queixas dos advogados residem também no fato de o ex-magistrado não precisar se submeter ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil, a terrível prova da OAB. E por último entra o ranço acumulado contra este ou aquele juiz, conhecido por haver aplicado maus-tratos aos advogados, quando vestia a toga.

Seja qual for a razão, pessoalmente não concordo com o impedimento do Sr. Sérgio Moro pelo seu comportamento até agora, salvo, repito, se existir algum motivo que possa caracterizar ilegalidade. O fato de ele ter possivelmente dado sentenças com viés político no passado não obriga a que ele receba o mesmo tratamento.

Essa é a opinião de um simples cidadão que se preocupa com atitudes injustas para com outrem, com viés de perseguição, e acha que isso possa constituir prática de fascismo. Há muitas formas de se praticar o fascismo. Uma delas é a perseguição a alguém por discordar de sua opinião. Ou de sua forma de ser e pensar. Durante a ditadura militar de 1964 isso foi prática comum no Brasil. Muitas pessoas foram impedidas de trabalhar pelo fato de pensar diferente, o monstruoso delito de opinião.

Pelo sim, pelo não, quanto ao Sr. Sérgio Moro espero que seja feita justiça. Sem viés político. Um fascismo não justifica o outro.

  • • José Mário Espínola é Médico e Cronista
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