PESQUISA INOPORTUNA, por Arnaldo Costa

(Foto: Imagens Brasil)

Estava este aqui prestes a fazer publicar um artigo sobre o desarmamento no Brasil quando me deparo com o resultado de uma pesquisa Datafolha publicada no último dia 22.


Inicialmente, discordo frontalmente de tal pesquisa, já que apresenta algumas discrepâncias que relato a seguir.

Primeiro, esse Instituto de pesquisas tem passado por alguns problemas de qualidade e credibilidade, principalmente em se tratando de resultados obscuros sobre opiniões de eleitores para as candidaturas à Presidência da República.

O G1 (do Sistema Globo) fez publicar o resultado de uma pretensa pesquisa feita por esse Instituto entre os dias 20 e 21 deste mês. Desconfiado pelos resultados absurdos constatados nessa dita pesquisa, acessei o portal do TSE e nada apareceu. Ou seja, tal pesquisa não foi realizada e muito menos registrada no TSE, um fake que é uma fraude.

Segundo, essa pesquisa foi totalmente inoportuna e talvez tendenciosa. O Rio de Janeiro (um dos dois representantes da região Sudeste) passa por um período altamente crítico em sua segurança pública, onde todos nós assistimos a um triste cenário de muitos tiroteios e principalmente morte de várias pessoas estranhas ao problema, inclusive crianças, através do famigerado fenômeno da “bala perdida”. Ora, isso desequilibra uma visão geral para a execução de qualquer pesquisa sobre o desarmamento.

As duas perguntas foram: a) concorda que a posse de armas deve ser proibida, pois representa uma ameaça à vida de outras? b) concorda que uma arma legalizada deveria ser um direito do cidadão?

Logicamente, a primeira pergunta induz a uma resposta negativa, principalmente pelo cenário de guerra que vive o Rio de Janeiro, influenciador para toda a região Sudeste e para todo o país.

Essa resposta, um tanto induzida pela pergunta, é mais um dos diversos mitos em torno do uso da arma de fogo. De acordo com estudos do Instituto Defesa, não existe nenhuma prova disso.

Antes do Estatuto do Desarmamento, o índice de crimes praticados por cidadãos que possuíam armas legais era de aproximadamente 0,005% (cinco milionésimos por cento). Um número aproximado ao de países desenvolvidos. O cidadão que não mata ninguém com uma faca ou pedaço de pau, não passará a fazê-lo pelo simples acesso à arma.

Esse mito se junta a outro: “O Desarmamento foi eficaz para reduzir a criminalidade no Brasil”. A verdade é que desde a vigência desse inoportuno Estatuto os índices de homicídios e crimes violentos aumentaram consistentemente, mesmo em um período na qual o Brasil passou por melhorias econômicas e sociais. É só consultar o Mapa da Violência de 2013 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Terceiro, a dita pesquisa cobriu três Unidades da Federação do Sudeste (RJ, SP e MG), apenas uma do Centro-Oeste (DF) e apenas uma do Nordeste (PE). Escolheram três Estados dos mais populosos do país contra apenas uma UF das outras duas regiões. Portanto, não representam o universo de cada região e muito menos de todo o país. Estranhamente, aparece a região Norte com 51% a favor da proibição e 47% contra a tal proibição, mas não cita em qual Estado. Mais um indício para desacreditar a tal “pesquisa”.

Quarto, mesmo considerando que tal pesquisa tivesse sido realizada, os resultados por região acusaram que o Sudeste alcançou o maior percentual (63%) em favor da proibição da posse de armas e as regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste ficaram com percentuais menores contra a proibição dessa posse.

Como frisei antes, esse percentual alto do Sudeste seria em decorrência natural do que vem acontecendo no Rio de Janeiro. E mais: a região Nordeste tem apresentado índices de violência bem maiores do que as demais regiões deste país.

É de ficar assombrado com os resultados dessa pesquisa totalmente mal planejada, mal executada e um desastre nos resultados. E esse Instituto ainda se intitula como um dos grandes deste país. Não me surpreende o porquê de políticos contratarem os serviços do Datafolha, sempre aliado ao Sistema Globo.

Muito sintomático, pra não dizer outro adjetivo…

No próximo artigo, apresento mais argumentos contra a farsa do desarmamento.

  • O autor é Professor de Administração Pública, Coronel ex-SubComandante da Polícia Militar da Paraíba e possui pós-graduação em Filosofia
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4 Respostas para PESQUISA INOPORTUNA, por Arnaldo Costa

  1. Jair Cesar de Miranda Coelho escreveu:

    Belo texto Coronel Arnaldo. Concordo plenamente com vosso entendimento. Um abraço. Parabéns ao Rubens Nobrega por compartilhar didatico texto.

  2. RADAR escreveu:

    Complementando:

    A omissão e a irresponsabilidade dos políticos em campanha é algo assustador e repugnante. Não se discute e nem se debate os problemas maiores de interesse da Sociedade. É uma campanha de circo, tal qual eleição de grêmio estudantil. São todos enganadores e abusam da boa fé dos incautos e desinformados.

  3. RADAR escreveu:

    Professor Arnaldo,
    simplesmente deixaram a marginalidade criar musculatura e dar asas a imaginação. Violência e mortes de crianças e inocentes não se trata com poesia, mas com firmeza e determinação. Tolerância zero.
    O cidadão de bem, tem o direito de se armar e de defender-se, e de defender sua família do intruso.

  4. Hermano José toscano moura escreveu:

    É uma farsa mesmo ! Nos países mais armados da América latina, os índices de criminalidade são mais baixo do que no Brasil.