ATÉ QUANDO, UFPB? por Francisco Barreto

Segregado por seus pares, no Senado, Catilina ouve o duro discurso acusatório de Marcus Tullius Cícero – então Cônsul de Roma com poderes excepcionais conferidos pelos senadores romanos (pintura de Cesare Maccari, 1888). Foto e legenda copiadas de ambientelegal.com.br

Parafraseando o enorme tribuno romano Cícero, digo: “Quousque tandem abutere, UFPB, patientia nostra?”

Há 54 anos impulsionada pelo regime ditatorial a UFPB perpetrou uma criminosa violência politica na vida acadêmica extirpando e banindo Professores e Alunos que se somaram às centenas, e que partiram numa brutal diáspora e exílios. Era o ano de 1969 após o Ato 5 e Decreto 477.

Voltei do exilio em 1974. Passei dez anos sem direito a ter emprego publico. Na UFRJ, UNB, UFPE, IBAM, e no IPEA/IPLAN SEPLAN-PR, CNPU, fui impedido de entrar no setor publico federal por severas restrições impostas pelo famigerado SNI. Dez anos sem poder contar tempo de serviço, em 2022 finalmente me aposentei.

Fiz concurso e aprovado como Prof. Adjunto na UFPB/CG, em Economia em 1996 fui admitido tendo a titulação de Mestre e Doutorado de IIIº Ciclo pela Universidade de Paris-Pantheon Sorbonne, após defesa de Tese em 03 de Julho de 1973 há 50 anos. Após 26 anos estive na Academia. Em 2001/02 fiz estágio pós-doutoral com apoio da CAPES na Universidade François Rabelais/ Tours onde lecionei uma disciplina aos alunos do DEA/Maitrise. Terminei o meu caminho universitário como Professor Associado I.

Há dias recentes no instado pela PROGEP/TCU/UFPB a apresentar a revalidação do citado Doutorado com base numa Lei/Resolução Nº 3 de 23 de Junho de 2016. Em toda a minha vida professoral, 26 anos, nunca fui submetido ao citado procedimento acadêmico. 50 anos depois, já aposentado, fui instado a apresentar a referida avaliação que não fui obrigado a fazer, nem nunca demandado.

Um desvalido algoritmo incógnito originário do TCU, e a UFPB, passou a me exigir sob conivência desta ultima, e sob o rigor de um diploma legal de 2016 promovendo a desumanidade de uma absurda e retroativa brutal ilegalidade.

Com este infeliz desatino e exigência burocrática poderei passar “sob varas” coercitivas a ter a suspensão dos meus subsídios da minha sofrida aposentadoria.

A UFPB tem a suprema obrigação de reconhecer, e por isto, ser penalizada por nunca ter me exigido e/ou alertado formalmente durante 26 anos quando ingressei, como Professor Adjunto cargo privativo a Doutores.

Sabe-se, no entanto que era inexistente o preceito legal obrigatório, e que nos mais repetidos Acordos Culturais France/Brasil diplomas doutorais franceses sempre foram liminarmente aceitos pela sua excelência acadêmica.

É lidimo que a UFPB outra vez aponte o frio cutelo aos que já foram extirpados pela voracidade ditatorial há meio século?

Espera-se que a consciência e a dignidade públicas sejam exercidas, e faça a defesa intransigente de quem for atingido. Não sendo assim cumplice, omissa e desatinada como o foi no passado ditatorial.

Até quando ocorrerão vitimados?

BIBLIOTECA CENTRAL, por Babyne Gouvêa

Biblioteca Central da UFPB (Foto: Agência de Notícias da UFPB)

Dia da Saudade, 30 de janeiro, me transporta para um lugar que me acolheu durante 40 lindos anos: Biblioteca Central da UFPB, no Campus de João Pessoa.

Conheço bem o seu histórico de criação, crescimento e mudanças prediais e administrativas. Acompanhei passo a passo desde a década de 70, embora tenha sido criada nos anos 60, sem prédio próprio.

Anos dourados vivi, literalmente, naquele lugar acolhedor, onde a sabedoria borrifava os seus ares. Aguardava ansiosamente a segunda-feira, dia de trabalhar no ninho que alimentava o meu ser em todos os aspectos. Ao término do dia, retornava enriquecida ao meu lar.

Renovada, transferia para os meus filhos o conhecimento adquirido no local onde exercia a minha profissão de bibliotecária, hoje denominada cientista da informação. Na verdade, existia um intercâmbio de fazeres: eu exercia trabalhos técnicos, como também de direção, e recebia em troca o saber, a experiência, o aprendizado.

Foi assim durante todo o tempo ativo. Dias dinâmicos, sem permissão para o enfado. As tarefas exercidas coletivamente favoreceram amizades que se eternizaram. Tudo exalava beleza, esse sempre foi o meu olhar sobre a minha opção profissional.

Bateu saudade e fui até lá observar a imponência da querida Biblioteca Central. Estava fechada há um bom tempo aguardando verbas para determinados serviços a serem executados.

Entende-se biblioteca o cartão de visitas de um centro de ensino e pesquisa. Com portas fechadas para a comunidade privando os usuários das informações lá contidas e não disponibilizadas, é realmente lamentável.

Como entender o que não é sensato? A universidade esteve privada de orçamento para a sua manutenção. E com isso o público universitário foi punido, sem acessibilidade às informações bibliográficas. Não, não é possível tentar compreender o não compreensível.

Saudade faz a gente chorar, principalmente por saber que há formas de reaver o que antes existiu. A alternativa é ter esperança em dias melhores, com autoridades competentes sensibilizadas com o quadro dramático da educação do nosso país.

42 ANOS DE PROFISSÃO, por Aderson Machado

Bloco de Aulas do Centro de Tecnologia da UFPB (Foto: pt.foursquare.com)

Transcorria o longínquo ano de 1978. Nesse ano, então, terminara o curso de Engenharia Civil, na UFPB, Campus de João Pessoa. Até conseguir esse êxito, eu começara, em 1960, a aprender as primeiras letras com a minha professora – e madrinha – Mariinha (in memoriam), no Sítio Fechado, no município de Areia, Paraíba.

Com madrinha Mariinha, eu estudei apenas o primeiro ano do curso primário, o suficiente para ter aprendido a escrever o meu nome bem como fazer as quatro operações aritméticas: adição, subtração, multiplicação e divisão. Muito, porém, em se tratando de apenas um ano de estudo.

No segundo ano, eu passara a estudar na Escola Elementar Mista, cuja professora, Dilza Ribeiro (in memoriam), era prima legítima de Mariinha. Essa escola também se localizava no Sítio Fechado. É bom lembrar que para ambas eu ia a pé, já que ficavam perto de minha casa.

O fato é que, com Dilza, eu estudei até o final do então curso primário, concluído no ano de 1965. Assim, concluí esse curso, em sua totalidade, na área rural de Areia. Depois disso, passei a me preparar para fazer o tradicional Exame de Admissão ao ginásio. Tendo sido aprovado, em 1966, fui estudar no tradicional Colégio Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN), em Bananeiras, outro município do Brejo Paraibano.

Tratava-se de uma instituição federal de ensino, para onde muitos alunos dos diversos estados nordestinos, e até da região norte do nosso País, se dirigiam para concorrer a uma vaga. Escusado dizer que havia uma triagem muito rigorosa para que os alunos conseguissem essa tão cobiçada vaga no CAVN, haja vista a grande concorrência, porquanto o ensino lá era da melhor qualidade.

Como se tratava de uma escola agrícola, os filhos de agricultores tinham prioridade em relação aos demais. Foi o meu caso. Essa prioridade, é bom frisar, valia em caso de dois alunos tirarem a mesma nota. Assim, quem fosse filho de agricultor ficaria com a vaga.

Em março de 1966, começaram as aulas no CAVN e eu passei a viver uma nova realidade, desta feita estudando em regime de internato, longe de minha família. Mas esse era o caminho a ser trilhado, para que um dia eu conseguisse os meus objetivos. Nesse educandário, eu estudei durante cinco anos, saindo de lá no final de 1970, depois de ter concluído o primeiro ano do curso técnico agrícola, o que equivale, hoje, ao primeiro ano do ensino médio.

No ano de 1971, fui estudar em João Pessoa, para fazer o curso científico, já que a minha ideia era fazer vestibular para o curso de Engenharia Civil. Com efeito, foi no Colégio Estadual do ABC, no bairro de Jaguaribe, que concluí o segundo grau, no ano de 1972. No ano seguinte, sendo aprovado no vestibular, ingressei no curso de Engenharia Civil da UFPB, onde colei grau em 27 de julho de 1978 como Engenheiro Civil.

Entrementes, quando cursava o último período do meu curso, eis que foram abertas as inscrições para o concurso do então DNER (hoje DNIT). Como o edital desse concurso contemplava os estudantes concluintes, que era o meu caso, pude me inscrever, sendo que tive que optar em fazer a prova em Pernambuco, já que não havia vagas na Paraíba, a minha terra natal.

O concurso em apreço realizou-se em abril de 78, mas só em julho saiu o resultado. Para a minha surpresa e alegria, recebi um telegrama dando conta de minha aprovação, exatamente no mês em que colei grau, conforme acima citado. Devo dizer, com certo orgulho, que fui o único paraibano aprovado no citado concurso.

Tive o prazer, entretanto, de encontrar na minha repartição muitos engenheiros paraibanos, que me precederam no outrora DNER. Aliás, o meu primeiro chefe foi exatamente o engenheiro paraibano Aston Medeiros dos Santos, na cidade de Floresta, Pernambuco, onde cheguei no dia 5 de dezembro de 1978 para exercer a minha profissão.

Por fim, acrescentaria que a minha carteira profissional foi assinada no dia 17 de novembro de 1978. Até a data de hoje, depois de 42 anos e alguns meses, estou ainda na ativa, por opção, na cidade de Salgueiro (PE), sendo o Engenheiro do DNIT mais antigo em todo o estado de Pernambuco!

  • Aderson Machado é Bacharel em Letras e Engenheiro Civil

APL cobra providências em defesa do magistério na UFPB

Ângela Bezerra de Castro, presidente da Academia Paraibana de Letras (APL)

Durante reunião virtual na quinta-feira passada (25 de fevereiro), em João Pessoa, a defesa de uma dissertação de mestrado na UFPB foi bruscamente interrompida por insultos e ameaças de hackers.

A invasão e as palavras de ódio afetaram uma atividade acadêmica, então coordenada pela Professora Glória Rabay, que consistia na apresentação de projeto da mestranda Camila Bezerra sobre rotina de trabalho de mulheres jornalistas na Paraíba.

O fato causou a mais veemente indignação de expressivos segmentos da comunidade universitária e de expoentes da sociedade civil, a exemplo da escritora Ângela Bezerra de Castro (foto), presidente da Academia Paraibana de Letras (APL).

Também Professora Doutora aposentada da UFPB, Ângela divulgou ontem (2) nota da entidade que vai além da solidariedade às pessoas agredidas e não se limite ao mero repúdio. Cobra providências urgentes e enérgicas da administração da Universidade “para que fatos de tamanha gravidade não voltem a acontecer no ambiente universitário”.

A NOTA DA APL

A Academia Paraibana de Letras, perplexa, ao tomar conhecimento da absurda agressão sofrida pela professora Dra. Glória Rabay, da UFPB, no sagrado espaço da sala de aula, ainda que virtual, presta solidariedade à ilustre mestra e a seus alunos, considerando que uma selvageria dessa natureza atinge toda a sociedade.

A UFPB precisa assumir a defesa da dignidade do magistério, garantindo que a profissão possa ser exercida com liberdade de expressão e com segurança. Como instituição, dispõe de competente estrutura jurídica, que deve ser acionada, para que fatos de tamanha gravidade não voltem a acontecer no ambiente universitário.

É preciso evitar, a todo custo, que a impunidade se torne um incentivo ao crime.

  • Ângela Bezerra de Castro
  • Presidente da Academia Paraibana de Letras

O DIA EM QUE A UFPB PEDIU PERDÃO, por Francisco Barreto

Neiliane Maia

Há mais de 50 anos reside na minha carcomida memória, alimentada por um sofrimento ancestral, graves fatos gestados e consumados pelo autoritarismo e brutalidade ditatorial.

Clique para ler mais

Sandra Moura, primeira Professora Titular de Jornalismo na Paraíba

Sandra Moura defende seu memorial para a categoria de Titular na Sala de Reuniões do CCTA/UFPB (Foto: Arquivo pessoal)

O ensino superior de jornalismo na Paraíba ganhou ontem (11) a sua primeira Professora Titular quando Sandra Moura obteve na UFPB aprovação unânime de seu memorial descritivo para obtenção do título mais elevado da carreira docente em uma universidade pública.

Clique para ler mais

Exposição Livro-Objeto começa nesta quinta no Celeiro Criativo

Artistas, professores e alunos envolvidos na pré-montagem da exposição

Será aberta às 19h de amanhã (4) em João Pessoa, no Celeiro Espaço Criativo (Avenida João Cirilo da Silva, Altiplano), a Exposição Livro-Objeto, organizada pela artista plástica paraibana Maria dos Mares e pelos professores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Amélia Panet e Ricardo Lucena.

Clique para ler mais

Rubens Pinto Lyra lança na UFPB livro sobre Jornalismo e Cidadania

Debate sobre jornalismo marca lançamento do novo livro do Professor Rubens Pinto Lyra

O mais novo livro do professor Rubens Pinto Lyra – ‘Jornalismo e Cidadania: reflexões sobre a atualidade social e a política’ – será lançado quarta-feira (12) no Centro de Comunicação, Turismo e Artes da Universidade Federal da Paraíba (CCTA/UFPB), em João Pessoa.

Clique para ler mais