PRODUÇÃO ANIMAL (II), por Antônio Carlos Ferreira de Melo

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Na primeira parte do relato sobre produção animal que implantei ou incrementei, enquanto professor de Zootecnia do Colégio Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN), expus alguns percalços na introdução de uma avicultura de corte na tradicional Escola de Bananeiras.

Apesar das dificuldades iniciais, tudo aquilo valeu demais como prática da disciplina que me coube na minha estreia no magistério, em 1973. Além disso, abriu portas e caminhos para um projeto maior com integral apoio do professor Alírio Trindade Leite, diretor do então Centro de Formação de Tecnólogos (CFT), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Sob a liderança de Alírio e do saudoso reitor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, a produção avícola do campus de Bananeiras foi contemplada com novos e modernos galpões onde alunos foram atores e testemunhas de extraordinário avanço. Basta dizer que o rebanho atingiu a marca de 20 mil aves de corte no triênio 1976-78.

O que se fez no CAVN nessa matéria não se limitou ao aprendizado estudantil. O fato despertou na região o interesse de muita gente boa, disposta a montar seus aviários. Entre os pioneiros, destaco a figura do também saudoso Rafael Bento de Lima, que chegou a criar 5 mil aves em área localizada atrás de sua residência, na cidade de Bananeiras.

Ele também obteve sucesso e serviu de exemplo. Não demorou, pessoas de cidades vizinhas começaram a me procurar em busca de orientação para viabilizar pequenos projetos, embora fosse muito difícil comprar pintos de um dia e ração. Tinham que ser adquiridos em Pernambuco. Mas a demanda regional cresceu de tal forma que logo uma revenda se estabeleceu em Solânea.

Estruturou-se, portanto, uma cadeia produtiva de sucesso por todo o Brejo e parte do Curimataú da Paraíba a partir da experiência do CAVN, experiência essa que tive a felicidade de coordenar como forma de prover conhecimentos e práticas em benefício dos alunos da disciplina Avicultura de Corte.

O projeto e sua expansão dentro da própria Escola não tiveram reflexos positivos apenas nos criatórios de Bananeiras. Famílias de Solânea, Serraria, Borborema, Belém, Tacima, Araruna, Cacimba de Dentro, Arara, Casserengue e Remígio, entre outros municípios, também se integraram à produção de aves de corte que resultou, adiante, na criação da empresa Guaraves, em Guarabira, que viria a ser um dos maiores produtores do ramo no Nordeste.

Vale ressaltar que estudantes do CAVN tiveram participação ativa na maioria dos projetos privados. Este professor os levava às granjas da região e com eles, sempre os mais aplicados e interessados, prestava assistência técnica aos criadores nos finais de semana, sem prejuízo das atividades escolares.

Há que se destacar, ainda, que todo o manejo das aves era executado pelos alunos, desde o preparo da ração em uma pequena fábrica próxima aos aviários ao abastecimento de água e alimento bem como higienização, vacinação e cuidados gerais inerentes à produção.

Não há como esquecer também que durante a expansão do projeto construímos um pequeno abatedouro de aves e iniciamos o fornecimento de frango fresco ao Restaurante Universitário de Bananeiras e posteriormente aos RUs de Areia, Campina Grande e João Pessoa. Mas era um abastecimento semanal por unidade consumidora. A estrutura de abate era frágil e não dava para atender a toda a demanda.

A parceria com os RUs foi desfeita algum tempo depois, por questões administrativas dos responsáveis pela manutenção de alimentos dos restaurantes. A produção continuou, contudo, e passamos a fornecer aves a compradores de Guarabira, Campina Grande e João Pessoa.

Tudo isso até a minha aposentadoria, em 1994, que teve consequências no destino da produção avícola da Escola de Bananeiras. É assunto para o terceiro e último capítulo da série, que será publicado ainda esta semana neste espaço.

  • Antônio Carlos Ferreira de Melo é Zootecnista e Professor aposentado da UFPB
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