O VENDEDOR DE PERU

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Extraordinário jornalista paraibano que se notabilizou no colunismo político, Nonato Guedes adora usar termos incomuns para definir situações indefinidas entre os expoentes da chamada vida pública.

‘Desaguisado’ seria, muito provavelmente, a palavra que o nosso Castelinho empregaria para se referir ao racha em que se meteu o PSB da Paraíba menos de um ano depois de consagradora vitória nas urnas.

É coisa de “vaca desconhecer bezerro” – outra expressão bem ao gosto do Guedes – a crise que se abateu sobre o partido governista, levando ao nível de rompimento, pelo menos publicamente, os protagonistas dessa história.

Trata-se, lógico, do estranho distanciamento entre o ex-governador Ricardo Coutinho e o governador João Azevedo, com sinais de desgaste tão à mostra que os dois reeditariam à perfeição um clássico do gênero ‘criador desconhece criatura’.

Pois bem, diante de tudo aquilo que li e ouvi sobre o assunto, não resisti à tentação de republicar a historinha do vendedor de peru que o Professor Vicente Nóbrega, meu saudoso pai, contou-me um dia. Como segue…

***

Na feira livre de Bananeiras, uns ‘caba ruim’ resolveram fazer de doido um pobre rapaz que montara na esquina do mercado público improvisado ponto de venda. Queria vender um peru que segurava por um barbante amarrado à perna da ave.

Assim que deram porque aquela presença, o grupo de malandros escalou um de seus mais gaiatos para aperrear o vendedor.

– Tá pedindo quanto no pato, camarada? – perguntou o suposto interessado.

– Oxe, tá vendo não que é um peru? – devolveu o dono do bicho, entre surpreso e irritado com a pergunta.

Só podia ser gozação, deduziu. Mas, dali a pouco, chegou outro e…

– Quanto é mesmo o pato, amigo?

– Pato porra nenhuma! Quer frescar, é? Estou vendendo um peru! Um peru!

– Bom, pelo visto o amigo não quer fazer negócio. Mas, se quiser, bote preço que eu levo o pato – disse o pretenso candidato a comprador.

Disse e foi embora ligeirinho, rindo discretamente, deixando o vendedor ainda mais irado, pois o coitado do moço precisava mesmo vender o peru e com o apurado atender a necessidades da família.

Nessa peleja, não contava mesmo ser alvo da troça de pilantras como aqueles. Mesmo assim, persistiu. Mas não demorou dez minutos e veio um terceiro desocupado perguntar a mesma coisa:

– Quanto o compadre está pedindo no pato?

Dessa vez, o vendedor ficou calado. Calado e pensativo. E de calado e pensativo evoluiu rapidamente para encafifado.

Tanto que botou o peru debaixo do braço, deixou o ponto e ganhou um beco onde não havia ninguém. Lá colocou o peru no chão, acocorou-se diante dele, encarou-o seriamente e apelou:

– Olhe aqui, seu ‘fi’ de rapariga, se você for mesmo um pato me diga, mas me diga mesmo, viu? Pelo amor de Deus, faça isso comigo não. Não me deixe enganado…

***

Bem, se dentro do PSB o enrosco é mesmo de vaca desconhecer bezerro, do ponto de vista do distinto público eleitor, entre dúvidas e incertezas em torno da identidade real de cada personagem dessa história – a real ou a fictícia, o importante é saber se quem comprou peru ano passado agora vai ter que pagar o pato.

  • Foto acima (mera ilustração): imagem do YouTube
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Uma resposta para O VENDEDOR DE PERU

  1. ROMERO ANTONIO DE MOURA LEITE escreveu:

    Bote preço no guiné