Explode a violência na campanha

Rapaz agredido em Curitiba porque estava com um boné do MST(Foto: Calil Purth)

Agência contabiliza pelo menos 70 ataques nos últimos dez dias

  • Texto: Alice Maciel, Thays Lavor, Gabriele Roza, Alexsandro Ribeiro, José Lázaro Jr. | Infográficos: Bruno Fonseca

Uma jornalista esfaqueada e ameaçada de estupro. Um carro jogado em cima de um jovem com camiseta do Lula que conversava em frente ao bar com os amigos. Uma jovem presa e agredida, jogada nua em uma cela da delegacia. Outro jovem recebe um adesivo colado à força nas suas costas, com um tapa, e depois recebe uma rasteira para cair no chão.

Todos esses ataques violentos aconteceram desde o dia 30 de setembro, em meio ao acirramento da violência eleitoral. Um levantamento inédito realizado pela Agência Pública, de Jornalismo Investigativo, em parceria com a Open Knowledge Brasil, revela que houve pelo menos 70 ataques nos últimos 10 dias no país.

A grande maioria dessas agressões foi feita por apoiadores de Jair Bolsonaro, candidato do PSL que está à frente nas pesquisas eleitorais. Isso mostra que as declarações de Bolsonaro que incitam a violência contra mulheres, LGBTs, negros e índios e a violência policial estão ecoando país afora e se transformaram em agressões físicas e verbais nestas eleições.

Por outro lado, seus eleitores ou pessoas relacionadas receberam 6 ataques. Em um deles está o caso de um professor da Universidade do Recôncavo Baiano (UFRB) que foi preso no dia 5 de outubro por atropelar comerciantes que vendiam camisetas do presidenciável do PSL. Existem ainda situações em que não é clara a afiliação política do agressor.

O levantamento inédito mostra como as situações de violência se espalham pelo país inteiro e não podem mais ser vistas isoladamente.

Indagado sobre as ações de seus apoiadores, Bolsonaro tentou minimizar a onda de violência política. “Eu lamento. Peço ao pessoal que não pratique isso, mas eu não tenho controle sobre milhões e milhões de pessoas que me apoiam”, disse Bolsonaro ao UOL. “Está um clima acirrado, pela disputa, mas são casos isolados que a gente lamenta e espera que não ocorram”, afirmou.

Bolsonaro foi vítima de um ataque a faca em 6 de setembro que o deixou em estado grave, enquanto fazia campanha em Minas Gerais. O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, confessou o crime e está preso.

Entre os casos contabilizados pela reportagem da Pública, 14 aconteceram na região Sul, 32 na região Sudeste, 18 na região Nordeste, 3 na região Centro-Oeste e 3 na região Norte. Embora tenha havido também dezenas de casos de ameaças pelas redes sociais, o levantamento incluiu apenas casos de agressões e ameaças feitas ao vivo. Nesses episódios, a integridade física de pessoas ficou em risco por causa do ódio ligado à disputa eleitoral.

A partir de hoje, a organização Open Knowledge Brasil e a Brasil.io, em parceria com a Pública, vão recolher e monitorar casos de agressões ligadas às eleições de 2018. Os casos serão publicados no site Vítimas da Intolerância. Se você tem uma denúncia, envie pelo site.

Leia matéria completa no portal da Pública clicando aqui.

 

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