Tem que acabar o piso e pagar o teto ao professor

Professor Raimundo, personagem de Chico Anísio, e o gesto que dimensionava o tamanho de seu salário

O ensino público no Brasil não vai melhorar nem alcançar padrões mínimos de qualidade enquanto seus professores receberem piso salarial. Porque eles têm que ser remunerados pelo teto. Que o diga o mais recente Ideb, medidor de desempenho da educação básica no Brasil.

De 2007 a 2017, segundo confessam dados do próprio Ministério da Educação, só escaparam as cinco séries iniciais do ensino fundamental. A fase, que abarca do 1º ao 5º ano, recebeu ‘nota’ 5,8, quando nossos gestores da educação contentavam-se – vejam só! – com 5,5,

Do 6º ao 9º ano do fundamental, um cinquinho (5) puro caia bem, mas a meninada só chegou a 4,7. Já no ensino médio, foi triste, muito triste. O Mec e seus iluminados técnicos, do atual e de governos anteriores, queriam atingir 4,7 pontos, mas a média nacional ficou em míseros 3,8.

Na Paraíba, os índices da escola pública foram ainda mais vergonhosos no período. Nos quatro últimos anos do fundamental, por exemplo, deveríamos ter alcançado 4 pontos, mas nos arrastamos até 3,6 no decênio pesquisado. Já no médio, a meta também era de 4, mas ficamos em ridículos 3,1.

O desempenho pífio que nos deixa em patamares subsaarianos na educação é culpa de políticos ruins e enganadores que se elegem governantes, revelam-se gestores medíocres, mas se acham o pipoco do trovão porque se interessam basicamente em fazer obras de pedra e cal.

Obras que quase sempre lhes rendem popularidade e propinas gordas, enquanto os serviços públicos mais importantes, educação e saúde principalmente, andam para o lado feito caranguejo ou só crescem pra baixo, feito rabo de cavalo.

Com esse tipo de gente governando, Brasil e Paraíba jamais conseguirão vencer o atraso e a estagnação. Com esse tipo de gente no poder, professores ou profissionais da saúde nunca deixarão o grupo dos mal remunerados, dos servidores públicos desvalorizados e desmotivados.

Desde que me vejo dando pitaco na coisa pública, publicamente, venho defendendo que o teto da remuneração do serviço público seja o salário de professor, do médico, do pessoal da segurança e outros de carreiras de Estado estratégicas para o nosso país.

No caso dos professores, especificamente, o ideal seria a federalização de todo o ensino fundamental e médio, com programas permanentes de qualificação docente para levar a categoria ao nível máximo na progressão vertical, possibilitando-lhes remuneração igual a de um ministro de Supremo.

Alcançar proventos desse porte consumirá no mínimo 20 anos de sala de aula e pelo menos cinco outros em cursos de especialização, mestrado e doutorado. E a cada título, um plus, uma ascensão, com o consequente reajuste salarial que dê a quem fez por onde um ganho diferenciado, atrativo, valorativo.

A contrapartida? Dedicação exclusiva de verdade, submetida a avaliações periódicas, com performances amarradas a metas que nos emparelhem aos melhores sistemas de ensino do mundo.

Um Estado como a Paraíba e seus municípios podem fazer assim? Creio que sim. Basta termos decisão e vontade políticas que não se vê na quase totalidade das gestões. Nem percebo, lamentavelmente, nos projetos que se apresentam ao eleitor na campanha em curso.

É BOM ESCLARECER
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3 Respostas para Tem que acabar o piso e pagar o teto ao professor

  1. Celso Barroso escreveu:

    Rubens, queria seu posicionamento quanto à carga horária dos docentes das universidades federais. A CGU cobra dos servidores em geral 40 horas semanais, relógio pequeno… mas os professores continuam dando o mínimo de 8 horas (e raros dão mais que isso).

    • Rubens Nóbrega escreveu:

      Caro Celso, uma vez constatado qualquer indício de absenteísmo, há que ser denunciado à autoridade competente para apuração em sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurando-se ao acusado, por força de lei, direito à defesa e ao contraditório. Até onde sei, contudo, professor universitário não se limita a dar aula. Também pesquisa, faz e coordena projetos de extensão, orienta monografias, trabalhos de iniciação científica ou de conclusão de curso, dissertações de mestrado, teses de doutorado, participa de bancas julgadoras e reuniões colegiadas (departamentos, conselhos superiores), escreve artigos em revistas especializadas e publica livros. É assim, salvo melhor juízo, porque trabalham em uma Universidade pública, que não pode ser confundida com um colégio de terceiro grau, dedicado quase exclusivamente ao ensino, a exemplo do que ocorre com a maioria das faculdades e centros universitários particulares.



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