GREGÓRIA É MESMO CANDIDATA?, por Flávio Lúcio Vieira

Não existe, pelo que sei, essa figura da candidatura avulsa nas eleições majoritárias aqui no Brasil. Não é possível um partido apoiar formalmente uma chapa para o Governo e outra para o Senado. Caso, por exemplo, o PCdoB lance Gregória Benário (foto) candidata ao Senado, terá que sair da coligação com o PSB e demais partidos, inclusive proporcional (PT e PCdoB já decidiram se coligar na proporcional).

Por isso, acho improvável que Gregória mantenha sua candidatura, a não ser que o PCdoB esteja mesmo disposto a ocupar esse espaço que o PT covardemente abdicou (aliás, seria uma ótima chapa para o Senado: Gregória e um nome como Rodrigo Soares).

Mas é sempre bom que mantenhamos os pés no chão. O que o PSB faz na Paraíba, o PT já fez o mesmo com o restante da esquerda na Bahia. Para manter a aliança com o PSD (isso mesmo, o PSD!), que indicará um dos candidatos ao Senado, o PT rifou a candidatura à reeleição de Lídice da Mata, do PSB (logo Lídice, uma das mais fiéis aliadas do PT na luta contra o impeachment!)

Entendeu agora porque o PT da Paraíba age como cordeirinho com o PSB, depois de rugir como um leão? Foi uma troca, um arranjo, uma acomodação para que todos tenham o que desejam: enfiar pela goela do eleitor os nomes de sempre. Tudo a mesma sopa! Partidos que só pensam em comandar executivos (e seus cargos) e deixam os espaços legislativos para o controle da direita, que só faz crescer nos parlamentos, deixando os trabalhadores à mercê de suas iniciativas antipovo.

Esse fenômeno no PSB da Paraíba chega a ser mais vergonhoso. Com exceção de Estela Bezerra e Jeová Campos, todos os parlamentares do partido na Assembleia têm origens em grupos tradicionais e familiares: Ricardo Barbosa (ex-tucano), Buba Germano (ex-tucano), Adriano Galdino (ex-tucano), Gervásio Maia (ex-PMDB). Em 2019, o PSB deve eleger nomes para o Congresso. Quem? Gervásio Maia e Veneziano Vital do Rêgo.

Ou a esquerda rompe com essa prática, cujo corolário foi o impeachment de Dilma (por um aparente paradoxo, o PT só perdeu parlamentares ao longo dos governos Lula e Dilma: em 2003, quando não estava no governo, o PT elegeu 92 deputados federais; em 2014, 70! 25% a menos.) ou não conseguirá romper o cerco nos parlamentos, que limitam os avanços que o Brasil historicamente precisa realizar. Ora, como explicar que o prestígio do PT cresceu no meio do povo ao longo desses governos, e o PT perdeu deputados, ao invés de ganhá-los? Talvez tenhamos na forma de construir as alianças nos estados parte relevante dessa explicação.

No mais, eu só posso ficar à espera das definições. E espernear.

Em tempo: uma resolução do TSE de 2010 proibiu candidatura avulsa. Ou seja, se o PCdoB quiser lançar candidata ao Senado não poderá compor coligações majoritária e proporcional em apoio à candidatura de João Azevedo, PSB.

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