Peritos têm que pagar para trabalhar na Paraíba

Peritos da Polícia Civil da Paraíba têm que pagar do próprio bolso o material de trabalho. Mesmo assim, recebem o pior salário do país para a categoria.

A informação consta de artigo (leia abaixo) de Herbert Bóson, presidente do Sindicato dos Peritos da Paraíba (Sindperitos).

O escrito foi divulgado hoje (20), junto com a convocação da entidade para que todos os peritos paralisem suas atividades no próximo dia 27.

Indigência salarial para um serviço de excelência

por Herbert Bóson

A Perícia paraibana tem experimentado nesses últimos quatro anos um salto em qualidade no atendimento e em suas respostas.
A imprensa tem noticiado e a população tem visto o trabalho de excelência que nossos peritos têm produzido. O que não sabem ainda é que todo esse resultado é às custas do nosso salário.
As maletas repletas de material, das quais vcs veem os peritos sacarem instrumentos para avaliar os vestígios na cena do crime, são compradas com nosso salário e nossa carreira é a pior do Brasil em termos de remuneração. Investimos em livros caríssimos, pois hoje temos até nossas inscrições indeferidas na Academia de Polícia da Paraíba, a exemplo do último curso de Bombas e Explosivos, onde o colega Perito Engenheiro teve seu ingresso negado.
Através dos nossos cinco Núcleos de Perícia, atendemos as mais de 270 delegacias de todo o estado, trabalhando presencialmente nos laboratórios e plantões de 24 horas, ao passo que em 118 delegacias, seus delegados trabalham de sobreaviso, ou seja, em casa.
Comparecemos a todas as cenas de crimes investigados pelas delegacias, gerando diversos laudos dos mais variados setores da nossa estrutura. No entanto, os Delegados comparecem a menos de 10% dessas cenas (exceto as especializadas de homicídio, que estão presentes), contrariando o que diz o Código de Processo Penal em seu artigo 6. O Instituto de Polícia Científica é o segmento de mais pronto atendimento da Polícia Civil. Se uma equipe é acionada, o deslocamento para atendimento é imediato, salvo estarmos em outra ocorrência.
Diante de tudo isso, está claro que pagamos o preço de um trabalho de excelência, literalmente. Está claro, pois os números não mentem, que trabalhamos mais do que o grupo que tem sido privilegiado na Polícia Civil, pois nossas cinco unidades acumulam suas 270 e estamos presentes em todas as cenas de crimes enquanto eles se ausentam, mas construíram, ao longo desses sete anos, um salário 100% maior que o nosso. Não bastasse, recentemente foi aprovado o Projeto de Lei 1664/17 que remaneja vagas para as classes, no qual foram remanejadas 40% das vagas de Delegados, ampliando em 100% as vagas para classe especial de Delegados e apenas 10% para os demais servidores.
Para nós, peritos, Basta! Cansamos de desprezo. Não iremos mais encobrir a ausência no trabalho de quem DEVERIA se fazer presente; não iremos mais dilapidar nosso salário (pior carreira do Brasil) custeando material de trabalho que deveríamos receber.
Permanecem nosso conhecimento e nossa excelência no agir à espera de condições para executar nosso valoroso trabalho para sociedade paraibana, a quem servimos.

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