CANDIDATURA DE CARTAXO NA BERLINDA, por Flávio Lúcio Vieira

Cartaxo ainda conta com o apoio de Cássio. Por enquanto

A candidatura do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, nunca passeou em céu de brigadeiro pelos céus da política paraibana, mas nunca foi tão bombardeada como agora.

Além de inconvenientes, como o de ter um vice-prefeito que não é de sua estrita confiança, Cartaxo voltou a responder, por enquanto, apenas politicamente, pelos desvios já constatados pela PF, pela CGU e agora pela Caixa, nas obras da Lagoa. Num ambiente como o que vive hoje o Brasil, isso acaba sendo um fardo político e, como não deve se encerrar em em breve, acaba por criar mais dúvidas que certezas sobre o futuro da candidatura de Luciano Cartaxo ao governo.

Sintoma disso é a candidatura do senador José Maranhão, analisada por aqui semana passada. Ela é, também, uma resposta às dificuldades enfrentadas por Luciano Cartaxo, além de ser até agora o mais sério golpe nas pretensões do prefeito pessoense – aliás, Maranhão tem sido uma pedra no sapato da família Cartaxo desde que o então vice-governador foi preterido da chapa majoritária nas eleições de 2010, e, em 2014, quando Maranhão lançou de última hora sua candidatura para derrotar Lucélio Cartaxo para o Senado.

José Maranhão antecipa sua decisão porque sabe dessas limitações de Cartaxo. Ao fazer isso, Maranhão praticamente obriga o prefeito pessoense a sair de sua – vamos chamar assim – “zona de conforto”, que é poder esperar até 2018 para tomar uma decisão definitiva, deixando de lado o mantra preferido de Cartaxo que é, por razões óbvias, “2018 só em 2018”.

Cartaxo ainda não deixou clara essa pretensão, apesar dos seus movimentos indicarem isso. Mas acredito que daqui pra frente essas movimentações pelo interior – que até diminuíram de intensidade – não serão mais suficientes. Cartaxo tem de entrar no jogo ou sair dele porque, com Maranhão − e João Azevedo − partindo mais cedo para divulgar suas candidaturas, se Cartaxo ficar parado vai ser engolido pelos acontecimentos.

Mais ou menos como se move hoje o prefeito de Campina Grande, que, sem tergiversações, já “colocou o nome à disposição do PSDB” para uma possível candidatura ao governo.

Observando à distância, tudo isso deve deixar o Senador Cássio Cunha Lima em um estado de nervos deplorável. De minha parte, não tenho dúvidas de que Cássio trabalha pela unidade da oposição e acho mesmo que ele considera que o melhor candidato é o prefeito de João Pessoa, se possível em acordo com o de Campina Grande para juntar as duas maiores prefeituras da Paraíba.

Isso porque Cássio precisa desesperadamente de um palanque forte no próximo ano, seja para uma difícil candidatura ao Senado – isso analisaremos em breve por aqui – seja para evitar a vitória do seu maior adversário, Ricardo Coutinho.

Mas parece que Cássio não anda com sorte faz tempo e esse projeto vai naufragando. Primeiro, pelas pretensões de Romero Rodrigues, que comanda o terceiro maior orçamento do Estado. E agora de José Maranhão, que se lança para disputar no vácuo deixado por Cartaxo. Maranhão, como bom aviador, sabe que, por enquanto, os movimentos de Cartaxo se assemelham mais a voos de reconhecimento do terreno.

Enfim, tudo isso junto permite antever um caminho tortuoso que Cartaxo deve seguir até abril de 2018, quando terá de anunciar se abandona a prefeitura para se candidatar ao governo ou abre caminho para que o cassismo – com Romero Rodrigues? − reassuma novamente a liderança da oposição paraibana.

Nunca houve cavalo selado para Cartaxo. Mas, se houve algum dia, ele já passou.

  • Flávio Lúcio Vieira é Analista Político convidado do Blog
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2 Respostas para CANDIDATURA DE CARTAXO NA BERLINDA, por Flávio Lúcio Vieira

  1. Robson escreveu:

    Doutor Flávio Lúcio, o seu Vieira é o mesmo de RC?