Metástase é formada por célula cancerígena faminta

Estudo foi feito com melanoma (Foto: Wikimedia Commons)

O câncer é a segunda maior causa de mortes, só perdendo para as doenças circulatórias. Na Paraíba, as neoplasias matam 10 pessoas, em média, por dia. Para quem luta contra a doença, cada avanço da ciência é uma comemoração. Pois bem, cientistas acreditam que a metástase é causada pela busca por comida. Agora, querem  criar um mecanismo para enganar as células cancerígenas para que não migrem e morram de fome.

O pesquisador britânico Colin Goding, em entrevista à Agência Fapesp, durante evento realizado no mês passado, em São Paulo, disse que faz experimentos no Instituto Ludwig de Pesquisa do Câncer, vinculado à Universidade de Oxford, no Reino Unido, com culturas de melanoma humano.

“Nossa estimativa é que a mesma lógica funcione para a maioria dos tipos de câncer e, talvez, possamos encontrar meios de manipular esse mecanismo de sobrevivência celular para obter benefícios terapêuticos”, disse Goding em entrevista à Agência Fapesp.

Segundo Goding, aspectos do microambiente tumoral, como a disponibilidade de nutrientes, oxigênio e a interação com sinais emitidos pelo sistema imune, são fundamentais para a transformação das células. A hipótese levantada pelo britânico é que, diante de uma situação de escassez de nutrientes, ativa-se em parte das células tumorais um mecanismo de sobrevivência que as faz migrar para procurar comida em outro local.

“Além disso, acreditamos que determinados sinais emitidos por células do sistema imune podem induzir um estado de pseudodesnutrição. Nesse caso, mesmo havendo abundância de nutrientes, esses sinais imunes associados à inflamação acionam o mesmo mecanismo induzido pela fome e fazem a célula migrar”, explicou o cientista.

Quando passa fome, a célula reduz sua demanda por nutrientes para se adequar à oferta. Isso significa desativar os processos biológicos necessários para a síntese de proteínas e para a formação de novas células. Porém, quando a célula tumoral consegue migrar para um novo ambiente, onde há abundância de nutrientes e ausência dos sinais imunes que induzem a pseudodesnutrição, ela volta a se proliferar para formar uma nova colônia.

“Se conseguirmos enganar as células para fazer com que acreditem que os sinais de estresse já foram embora, o maquinário de fazer novas células volta a ficar ativo e elas vão morrer porque a demanda por nutrientes vai exceder a oferta. Parte dessas células morre e parte se torna dormente para sobreviver ao estresse associado com a fuga do tumor primário. Se encontrarmos um mecanismo para eliminar a dormência, poderemos reduzir ainda mais o porcentual de células que consegue escapar do tumor primário, sobreviver e formar metástase. Isso é algo que buscamos em meu laboratório, em colaboração com grupos do mundo todo, inclusive o de Silvya Stuchi, no Brasil”, contou.

Dados de câncer na Paraíba
Segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade da Secretaria de Estado da Saúde (SIM/SES), no ano passado, 3.710 paraibanos morreram com câncer, uma média, de 10 a cada dia. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, este ano, devem surgir 8.250 novos casos de câncer, na Paraíba. Infelizmente, não se tem um sistema para quantificar o número de pessoas que se curam, mas, com certeza, são milhares.

  • Andréa Batista, jornalista, com informações de Karina Toledo (Agência Fapesp)
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