Peritos e agentes querem que MP investigue delegados

Hebert Boson, presidente do SindPeritos-PB

Sob o argumento de que “Polícia não tem isenção para investigar Polícia”, policiais e peritos decidiram ontem (17) pedir ao Ministério Público da Paraíba que investigue suposta conspiração de delegados da Polícia Civil para tomar o poder na Secretaria de Estado da Segurança e Defesa Social (Seds).

O ponto de partida da investigação seria descobrir a autoria de texto denominado ‘Ações do Núcleo’, atribuído a membros da Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia da Paraíba (Adepdel), que esboça um roteiro de ‘missões’ para ganhar a confiança do governador, isolar a ‘velha guarda’ da Polícia Civil e subjugar as ‘categorias subalternas’.

O texto foi divulgado nessa terça-feira por este blog, mas já circula há um mês em redes sociais das quais participam representantes das diversas categorias da Polícia Civil. Segundo servidores da Seds, as ‘missões’ coincidem com o tratamento que alguns delegados estariam dispensando a agentes, motoristas, escrivães e peritos, que constituiriam os ‘subalternos’ a que se refere o pretenso núcleo duro da Adepdel.

A decisão de levar o assunto ao Ministério Público visando à abertura de procedimento de apuração foi confirmada ontem à tarde por Hebert Boson, presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais do Estado da Paraíba (SindPeritos-PB), e à noite por Suana Melo, presidente da Associação dos Policiais Civis de Carreira da Paraíba (Aspol-PB).

Peritos queixam-se de “sucessivos ataques” de delegados

“Esse texto que viralizou, do qual não sabemos a origem, no mínimo é um relato fiel da Secretaria da Segurança Pública da Paraíba. Foi redigido por quem possui conhecimento profundo de todas as categorias do grupo GPC (Grupo Ocupacional da Polícia Civil), que conhece os bastidores de todas as classes e fez a leitura mais correta do cenário atual”, avalia Hebert.

Ele afirmou ainda que o IPC (Instituto de Polícia Científica) vem sofrendo sucessivos ataques por parte da categoria dos delegados, “que desejam suprimir com nossos símbolos e acabar com o órgão autônomo, rebaixando-o à categoria de mero departamento da Polícia Civil”.

O dirigente sindical acredita também que “momentos como este” reforçam a necessidade de um IPC desvinculado da Polícia Civil. “Se não, quem poderia avaliar celulares e computadores dos que compartilham essa mensagem com isonomia?”, questiona.

Suana Melo, da Aspol: “Coincide bastante com a realidade”

Presidente da Aspol, Suana Melo (foto) declarou que o conteúdo das ‘missões’ reflete com muita fidelidade fatos que expõem desarmonia ou animosidade entre agentes, motoristas e escrivães, de um lado, e, do outro, delegados da Polícia Civil vinculados à Adepdel. Vejam o que ela disse ao blog:

A situação é muito séria, e apesar de não sabermos a autoria dessas tais ‘missões’, o conteúdo delas coincide bastante com a realidade que a categoria investigativa vem enfrentando na Polícia Civil. Que vem se comportando como uma gestão não transparente e totalmente parcial.

A Aspol defende que haja uma investigação profunda, dada a complexidade dos fatos enumerado nas ‘Ações do Núcleo’ e provocaremos o Ministério Público Estadual, que tem a imparcialidade necessária para apurar o conteúdo dessas ‘missões’, que revelam graves violações dos princípios da administração pública e ferem a imagem da Polícia Civil da Paraíba.

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