Água do São Francisco pode custar até R$ 80 milhões por ano ao Estado

Francisco Sarmento (Foto: Francisco França/JP)

Uma vez concluído e efetivamente instalado o Projeto de Transposição, a Paraíba pagará até R$ 80 milhões por ano quando importar a água do Rio São Francisco para suprir rios e reservatórios esgotados pela seca e assim poder enfrentar períodos prolongados de estiagem como o atual, que já dura sete anos.

A estimativa é do Professor Francisco Sarmento, ex-secretário de Recursos Hídricos do Estado. Ele fez a previsão de custo para uso da água sanfranciscana em entrevista no último sábado (8), na Rádio Tabajara, ao programa Espaço Experimental, do Laboratório de Radiojornalismo do Curso de Comunicação Social da UFPB, Campus de João Pessoa.

Sarmento, que no primeiro mandato do Governo Lula (2003-2006) coordenou estudos finais para a execução do Projeto de Transposição do São Francisco, disse ainda que mesmo que não use, ainda que não importe água do Velho Chico, o Estado deverá pagar cerca de R$ 37 milhões por ano de uma ‘tarifa de disponibilidade’ que será cobrada pelo Governo Federal.

O Professor lembra que a água transposta é onerosa, tem um custo elevado que precisa ser coberto. A receita da chamada taxa de disponibilidade servirá ao pagamento de pessoal e à manutenção e operação de tudo que diz respeito ao projeto, a exemplo das barragens, canais, estações de bombeamento e demais equipamentos.

“Em 2005, os quatro estados receptores (Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará) assinaram um pacto com o governo federal de sustentabilidade financeira do projeto, o que inclui o pagamento da taxa de disponibilidade e da taxa de consumo, que poderá fazer a Paraíba pagar R$ 80 milhões por ano”, recordou, acrescentando:

Está sendo estudado o custo pela Fundação Getúlio Vargas. Hoje está em torno de 13 centavos o metro cúbico () Usos comerciais terão pagamento específico. Estados têm que se preparar do ponto de vista de gestão para importar o mínimo possível (a água). Mesmo que não haja uma seca, mesmo sem alertas de bombeamento, a Paraíba pagará aproximadamente R$ 37 milhões por ano só pelo fato de ter essa água disponível.

Links

Clique aqui para ouvir a primeira parte da entrevista de Francisco Sarmento ao Espaço Experimental.

Clique aqui para ouvir a segunda parte da entrevista de Francisco Sarmento ao Espaço Experimental.

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20 Respostas para Água do São Francisco pode custar até R$ 80 milhões por ano ao Estado

  1. Paula Medeiros escreveu:

    Não tem nada a ver que o Sarmento, que foi responsável pela construção de Camará e que deu naquela situação que toda sabem, alertou e resolveram a vazão!!! O que aconteceu é que uma das bombas do eixo 6 quebrou e com isso foi levada ao conserto, diminuindo significativamente o bombeamento é tão logo foi reposta a coisa começou a acelerar!!!

  2. Cassio Vasconcelos escreveu:

    Esses elementos pagos pelo governo do estado nem sabem e nem se importam com o que dizem. A carta do Prof. Sarmento é clara. Ele fez o papel dele como cidadao. Estudei engenharia civil e qualquer um sabe que nao existe gestao de recursos hidricos na Paraiba, por isso tem um leigo na Presidencia da Aesa. O governo do estado nao prestigia gestao e nos seremos os pagadores da conta da transposicao. 2018 tem eleicao….

  3. Gabriel escreveu:

    O pessoal falando que ele queimou a língua, quando justamente a água só vai chegar porquê fizeram as correções dos problemas que o Sarmento alertou.

    Quem acha que ele queimou a língua ou é desonesto ou é burro mesmo.

  4. Anacleto Vieira escreveu:

    Foi aluno do Prof. Sarmento na disciplina de Recursos Hídricos (RH) na UFPB. Gostaria de fazer uma sugestão ao Presidente da AESA. Presidente, o senhor está vendo que o desafio de gerenciar essas águas não é pra amadores muito menos pra políticos. De coração, aproveite enquanto a universidade no Brasil ainda é pública e se matricule como aluno especial nessa disciplina de RH que, com certeza, lhe vai ser muito útil, se o Sr. Governador não tomar uma providência antes….

  5. Júlia escreveu:

    Queimar a língua? Não consigo conceber que ele queimou a língua, o que vejo são fatos omitidos, será que a água chegaria se não fosse o pronunciamento do Dr Francisco Sarmento? Tenho minhas dúvidas. E acredito que o mesmo está feliz com o fato da água ter chegado, era isso que ele queria, nunca me pareceu ser um interesse pessoal por mérito ou algo do tipo.

  6. Camila escreveu:

    Importante alerta para abrir os olhos da população sobre as ações dos governantes. A fiscalização se faz sempre necessária, ainda mais agora que a realidade dá transposição chegou.

  7. Caio Martins escreveu:

    O Prof. Sarmento deu um alerta sobre a redução de vazão na transposição. Se ele não tivesse dado o alerta, a vazão era a mesma e não tinha nem passado de Poções. Tava lendo no Jornal da Paraíba agora que o ex-deputado João Fernandes, que de água entende que se não beber morre, diz que o professor “queimou a língua” pois teria dito que a água não chegaria em Boqueirão. Além de estar no cargo por conveniência política, ainda deturpa o que o professor disse. É só olhar na internet e no próprio Blog do Rubão que as providências começaram depois da pressão que foi dada com a divulgação do relatório. Vejam o link dessa manchete: Racionamento em CG só acabará em 2022 se vazão da transposição não subir, diz professor. O link é:http://portalcorreio.com.br/noticias/cidades/tempo/2017/03/23/NWS,294033,4,64,NOTICIAS,2190-RACIONAMENTO-DIMINUIRA-2022-VAZAO-TRANSPOSICAO-SUBIR-DIZ-PROFESSOR.aspx.

  8. Pollyana escreveu:

    Foi graças a crítica de um doutor de verdade no assunto que as coisas puderam caminhar pra concretização. É preciso ter coragem de cutucar onça com vara curta, é preciso ter coragem pra ir de encontro com esse sistema que só funciona assim, na pressão. Parabéns Doutor Francisco Sarmento, só assim podemos ser vistos enquanto coletividade e enfim beneficiados.

  9. Gustavo escreveu:

    Não consigo acreditar que as pessoas preferem ficar nessa tentativa de constranger alguém ao invés de apenas celebrar essa vitória para o povo. Não precisa nem considerar o papel salutar do alerta de Dr. Franscisco, basta apenas abrir mão desse jogo baixo. Parabéns, dr. Francisco, você fez o negócio andar!!!!

  10. Everton Meireles escreveu:

    Ôh seu Reicardo Coutinho vê se bota um técnico na AESA, porque político sem mandato é só pra falar besteira, principalmente quando tá em cargo técnico. Esse presidente da AESA, ou invés de e cuidar de gerenciar a água, fica falando mal do Prof. Sarmento, quando foi ele que deu o alerta de que a água não chegaria, SE VAZÃO NÃO FOSSE AUMENTADA. Como ele mesmo disse na carta acima: fez o papel de cidadão. Ôh João Fernandes, acaba então o racionamento de Campina. Por que continuar??? Já que a água que tá chegando dá pra resolver tudo!.

  11. Júlia escreveu:

    Não entendi a parte de queimar a língua. Para mim está muito claro, graças ao pronunciamento do professor as providências foram tomadas e água chegou. Tenho certeza que Dr. Francisco Sarmento está feliz com o fato da água está chegando, diferente dessas pessoas ele não está interessado em méritos ou qualquer outra coisa pequena.

  12. João Marcelo Siqueira escreveu:

    Vi o que o professor declarou em várias oportunidades. Ele sempre disse que que se a vazão continuasse do tamanho que estava a água não chegava. O relato repercutiu e tomaram a providência de aumentar a vazão, sem contar a chuvarada de Monteiro no último dia 1. Essa AESA não sabe nem mentir….imagina gerenciar…

  13. juliana escreveu:

    TALVEZ DEUS NA SUA INFINITA BONDADE, MANDE AGUAS ATRAVÉS DE CHUVAS, E FAÇA OS MANANCIAIS PARAIBANOS SE ENCHEREM NATURALMENTE; FAZENDO COM QUE FECHEM AS COMPORTAS, E BOMBAS DE ELEVAÇÕES NAS SEIS ESTAÇÕES DA TRANSPOSIÇÃO!

  14. Paula Medeiros escreveu:

    Perdoe minha ignorância, mas em nenhum momento vi esse cidadão satisfeito com a transposição!! Ou seria dor de cotovelo por existir pessoa que sabem fazer, ou porque não deixaram ele meter o dedo lá! Quanto ovestadovnao gasta com acseca? Carros pipa, trabalhadores rurais deixando o sertão, gado morrendo, desnutrição, fome, doenças e muitas outras mazelas que só as pessoas que vivem movida a dia sabe da situação! Todo dinheiro é pouco pra dá dignidade aos nordestinos

  15. Gilmar Dantas escreveu:

    A ÁGUA CHEGOU …E AGORA?…MORDEU A LÍNGUA DOUTOR FRANCISCO SARMENTO? ”Ministro confirma água em Boqueirão. QUARTA-FEIRA DIA 12-04??
    Confira a carta de Sarmento enviada ao Blog de Rubens Nóbrega.
    Caro jornalista Rubens Nóbrega,

    Sou brasileiro, paraibano, sertanejo. Nasci no lugar social comum a essas origens. Sei o que é sede e fome, mas tive a oportunidade de estudar, sempre em escola pública. Fiz mestrado e doutorado em Engenharia de Recursos Hídricos, e sinto profundo regozijo espiritual ao poder aplicar o que aprendi.

    A primeira vez que ouvi falar da transposição do rio São Francisco, aos cinco anos de idade, foi em uma discussão familiar, quando se decidia se o trio pai, mãe e filho seguiria ou não o chamado governamental de povoar a Amazônia com nordestinos. A decisão de permanecer veio de meu pai que, acreditando que o Sr. Mario Andreazza conseguiria cumprir a promessa de realizar a transposição e livrar aquele agricultor da dureza do convívio desigual com a seca. A ditadura militar experimentava seus anos de milagre econômico e era difícil não acreditar naquilo. Ficamos.

    No fim dos anos 1970, viemos para João Pessoa, onde cursei Engenharia Civil na UFPB. O tempo passou e, por alguma dessas inexplicáveis coincidências, em 1994, o engenheiro civil potiguar Rômulo de Macedo Vieira, designado pelo então Ministro da Integração Regional Aloísio Alves para coordenar os projetos de engenharia da transposição, convidou-me para elaborar, em parceira com outros colegas, os estudos voltados à justificação da quantidade de água que deveria ser trazida do Rio São Francisco para o semiárido setentrional, formado por Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

    Tenho a honra de dizer que dediquei 14 anos da minha vida profissional a esse projeto, tendo recebido, dentre outras missões, a de defender tecnicamente a Transposição nos debates e audiências públicas ao longo dos governos Itamar Franco, FHC e Lula.

    No governo Lula, fui convidado pelo saudoso Vice-Presidente José Alencar Gomes da Silva para chefiar a Assessoria Técnica da Vice-Presidência da República, com a missão específica de atuar na viabilização do projeto. Nesse período, os confrontos com os contrários ao projeto se tornaram mais vigorosos, pois estávamos diante da possibilidade concreta de a obra vir a sair do papel.

    Ao longo de seis anos (2003 a 2009), vimos os obstáculos que historicamente jaziam contra a obra serem – um a um – vencidos, situação que somente pode se concretizar graças à força e à determinação políticas de um Presidente identificado com o povo e legitimado pelo voto.

    Mas isso agora é passado.

    Tenho relação passional com esse projeto e afirmo, sem exageros e sem qualquer reivindicação de mérito, que estou entre os que mais desejam ver as águas do Rio São Francisco chegando às nossas torneiras. Mas, há que se fazer uma distinção entre o inegável simbolismo histórico de as águas tão esperadas terem aqui chegado e a solução da crise hídrica.

    É justo festejar esse simbolismo, mas sem nos iludirmos. A transposição precisa funcionar em sua plenitude, porque os paraibanos não podem esperar muito tempo. A situação do açude de Boqueirão e tantos outros já citados não permite uma longa espera. Inauguração, apesar de rimar com solução, não garante por fim à extrema crise hídrica que assola a Paraíba.

    Não obstante essas evidências, por razões que não consigo entender, a repercussão na imprensa do relato que fiz na última semana incomodou algumas pessoas, que, embora numericamente minoritárias, vêm fomentando intervenções pontuais em veículos de comunicação, tentando desqualificar não apenas o meu relato, como também a minha pessoa.

    Não conseguirão.

    Ao longo de toda esta semana, recebi mensagens de apoio e reconhecimento, tanto de técnicos envolvidos com a área de Engenharia de Recursos Hídricos como de cidadãos sem proximidade com o assunto. As mensagens vieram de vários estados brasileiros, até de pessoas com quem, em um passado recente, tive acaloradas discussões públicas acerca da transposição.

    Afirmo que não será nenhum neo-coronel que irá me envolver no teatro político deformador de temáticas cujo viés é estritamente técnico. Não careço de nenhuma lição sobre como funcionam os obscuros mecanismos motrizes de certas pessoas a quem a verdade não interessa, em particular, quando ela é ofensiva aos que patrocinam o seu exercício de ódio e a sua ocupação em denegrir reputações.

    Sei, em meu íntimo: fiz o meu papel, enquanto técnico e cidadão. Apontei os problemas para que as soluções, a quem couber, sejam dadas.

    Para os gestores públicos que declararam que o meu relato técnico, publicado pioneiramente por esse blog, é “tecnicamente sem fundamento”, assumo a desqualificação se o racionamento de água de Campina Grande e demais cidades do Cariri, a começar por aquela onde o Eixo Leste deságua – Monteiro – for suspenso imediatamente.

    Afinal, se tudo está bem e se, no caso de Campina Grande, a água chegará em 15 de abril, como declaram, por que fazer perdurar, para mais de meio milhão de pessoas os malefícios de racionamento tão severo, se o Açude de Boqueirão, também segundo os mesmos, armazena ainda 13 milhões de m³, volume suficiente para abastecer a cidade por pelo menos três meses?

    Gratas saudações.

    Francisco J. Sarmento.

  16. Gilmar Dantas escreveu:

    A ÁGUA CHEGOU E AGORA?…MORDEU A LÍNGUA DOUTOR FRANCISCO SARMENTO?.” confirma água em Boqueirão. QUARTA-FEIRA DIA 12-04??

    • Akira Duarte Kobayashi escreveu:

      Caríssimo Gilmar Dantas,

      Acho que não só eu, mas suponho que várias outras pessoas se felicitariam com o amigo, se o mesmo explicasse o interesse que tem em mascarar fatos/ desviar o foco das coisas/ deturpar informações.

      É de conhecimento geral que o tempo para esse aporte de água no reservatório Epitácio Pessoa foi encurtado devido a intensa chuva ocorrida recentemente em Monteiro e proximidades. Não sei se o amigo tem problemas de memória, mas caso tenha, já lhe adianto meu pedido de desculpa e lhe lembro que a intensidade da chuva foi superior a 50mm/h (verdadeiro dilúvio).

      Portanto, ilustríssimo Gilmar Dantas (se é que seu nome seja esse), respeite a seriedade desse blog e de quem o lê.

  17. Newton Mota escreveu:

    O professor está alertando para necessidade de se construir uma boa gestão das águas. Como se vê o custo é muito alto, mas, mais alto ainda é custo da falta do precioso líquido. E o que vemos, com muita tristeza, são as cidades desprovidas de estruturas para receber e distribuir a água. Nada foi feito.
    Notem, que o Brasil é dono de uma das maiores bacias hidrográficas do Mundo. Creio, que além do dever de casa que haveremos de fazer, agora, num futuro muito próximo haveremos de lutar pela integração das bacias do norte com as do nordeste. Será o renascimento do novo Brasil, com o nordeste independente, do ponto de vista economico ! Por fim, o que temos, hoje: uma cagepa quebrada e uma aesa tatiando no meio do nada.