Filme brasileiro é bem melhor do que o vencedor do Oscar

Sônia Braga recebendo prêmio no Panamá (Foto: O Globo/Stringer/Reuters)

Nem ‘Moonlight’ nem ‘La La Land’. O melhor filme de 2016 foi o brasileiríssimo ‘Aquarius’, do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, que infeliz e muito estranhamente não viu sua magistral produção inscrita para disputar o Oscar 2017.

A inscrição deveria ter sido feita em dezembro do ano passado. A providência cabia à distribuidora de Aquarius em todo o mundo, a norte-americana Vitagraph Films, que sequer explicou porque não inscreveu o filme de Kleber para concorrer na mais importante premiação cinematográfica de todo o planeta.

Com isso, o cinema brasileiro perdeu a chance de uma consagração mundial graças à qualidade do filme de Kleber e à extraordinária atuação de Sônia Braga no papel principal. Atuação que em um julgamento isento bateria tranquilamente a performance de Emma Stone, vencedora do Prêmio de Melhor Atriz.

Pra quem não teve a felicidade de assistir, um resumo da trama do filme brasileiro: Clara, a personagem de Sônia Braga, é jornalista aposentada, viúva de 65 anos que mora sozinha em Boa Viagem, no Recife (PE). Ela é dona do único apartamento ainda habitado num edifício chamado Aquarius.

O prédio é alvo da cobiça de uma construtora que comprou todos os apartamentos, menos o da protagonista, que se recusa a vender o imóvel e enfrenta seguidas sabotagens da empresa.

Vi ‘Aquarius’ ano passado, ‘La la Land’ há duas semanas e ‘Moonlight’ anteontem (7). Não sou crítico especializado, mas depois de 50 anos assistindo a tudo quanto é filme, creio ter parâmetros e critérios para identificar o melhor, o pior ou o mais ou menos em matéria de cinema.

‘La La Land’ é um musical, de música bonita e atores bonitos. É a história de um pianista de jazz (Sebastian, interpretado por Ryan Gosling) que se apaixona por uma atriz iniciante Mia (Emma Stone). Os jovens tentam construir juntos a felicidade a dois e, ao mesmo tempo, o quase sempre inconciliável tempo do meio artístico com a vida de casal.

Já ‘Moonlight’ traz um enredo um tanto quanto batido: a existência sofrida e marginal dos negros pobres numa grande cidade dos Estados Unidos como Miami. Conta a história de Chiron, um garoto que passa a infância sofrendo bullying, convivendo com traficante de drogas e uma mãe viciada em crack.

O diferencial possível da fita eleita este ano pela Academia de Hollywood: homem feito, Chiron descobre-se gay, mas se contém na sua opção até reencontrar o parceiro de brincadeiras e iniciação sexual da adolescência.

Pois bem, se em ‘La La Land’ o desempenho dos atores é suportado em uma boa trilha sonora e efeitos de computador, em ‘Moonlight’ é preciso paciência para se manter dentro da sala até o fim. O desenrolar do enredo é tão arrastado quanto a comunicabilidade de Chiron.

Saí do cinema com a impressão de que a escolha da Academia fez média com a comunidade de atores, técnicos e diretores negros. Média para compensar o que ocorreu no Oscar 2016, quando artistas e criadores negros foram quase completamente esquecidos e alijados na seleção dos melhores pela Academia.

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