Liberação do FGTS: presente bilionário do governo para os bancos

(Charge: O Grande Diálogo)

Desde meados de novembro passado, quando anunciaram a liberação dos saques nas contas inativas do FGTS, venho colecionando desagrados de interlocutores eventuais que me abordam sobre o assunto, talvez querendo arrancar um elogio meu ao governo Temer pela iniciativa.

Frustro no ato a expectativa do circunstante porque meus dois neurônios decidiram e fecharam questão. Entenderam e entendem que não dá pra elogiar um ouro de tolo como esse, porque os titulares das contas vão usar a grana para pagar dívidas, em sua maioria. Dívidas cobradas a jurões escorchantes serão pagas à vista, a partir de março, com um dinheirinho que passou anos rendendo jurinhos minguados de poupança.

Mas esses e outros argumentos esbarravam e ainda esbarram em reações tipo “Ah, você tá é despeitado porque não foi o governo do PT que decidiu fazer assim”. Com a discussão chegando a esse nível, imaginem, então, se eu convenceria alguém assim a aceitar que a jogada com o FGTS foi feita para dar aos bancos um dinheiro com que antes o governo mandava construir casas para gente pobre.

De tanto minha ladainha ser recebida com cara feia, desistira até mesmo de escrever sobre o assunto. Mas só até hoje, porque cedo da manhã desta sexta-feira (24) o Doutor Joaci Júnior Tavares, contador da melhor qualidade aqui de João Pessoa, mandou-me dois textos que confirmam e comprovam justamente o que venho dizendo em privado a alguns amigos e familiares.

O primeiro artigo, de André Forastieri, colunista do portal R7, tem como título ‘A liberação do FGTS é um presente bilionário para os bancos‘. Foi publicado anteontem (22) e remete a um segundo, de Beto Melo, do blog ‘Isso não me comove’, que desfilou no último dia 16 sob o estandarte, quer dizer, sob o título ‘Esses bancos, pobres bancos‘.

Com base em pesquisa do Google Consumer Research, que ouviu 1.334 pessoas em todo o país sobre o que elas vão fazer com o dinheiro do FGTS (estimado em R$ 43 bilhões ‘esquecidos’ em contas inativas), André mostra, por exemplo, que 42% vão pagar dívidas, 10% vão quitar algum financiamento, 20% vão investir e 10% usarão o dinheiro para pagar estudos e 13% para fazer compras.

“Ou seja, mais da metade vai usar para pagar dívida. Só 13% desse dinheiro vai para o consumo. Como a maioria das contas tem pouco dinheiro – abaixo de R$ 3 mil – a projeção é que muito desse dinheiro irá para compras pequenas, supermercado etc. Será um pequeno e temporário alívio para o varejo”, comenta o articulista do R7, arrematando:

Liberando o FGTS, o governo Temer injetará bilhões e bilhões de reais nos caixas dos bancos. Essa grana vai passar rapidamente pelo bolso do brasileiro pobre, mas depois irá para os bolsos dos banqueiros (e investidores super ricos em geral, o que inclui muitos dos nossos governantes).

Ainda bem que Joaci me socorreu, pois tomei conhecimento de pelo menos duas pessoas de maior complexidade neurológica que se acostam ao meu convencimento. E dois colegas altamente qualificados, porque o Beto Melo também é muito bom de escrita e não alivia na hora de dizer o que pensa sobre o lance esperto da turma que assumiu o poder após consumar o golpe de 31 de agosto de 2016. Vejam só como ele abre seu contundente ‘Esses bancos, pobres bancos…’:

Poucas vezes vi uma manobra tão sórdida para socorrer os bancos brasileiros quanto a que está ocorrendo agora, no primeiro semestre de 2017. Criaram um aqueduto direto entre o fundo de garantia dos trabalhadores e as burras dos bancos. Disfarçaram isso de socorro aos trabalhadores. () Contando com o habitual auxílio do governo e a sempre solerte colaboração da mídia, vieram com essa: vamos “liberar” o fundo de garantia para o trabalhador usar “como quiser”. Ou seja, em vez de usar para comprar sua casa própria, ele pode usar esse dinheiro para Entregar aos bancos!

 

É BOM ESCLARECER
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Uma resposta para Liberação do FGTS: presente bilionário do governo para os bancos

  1. Joaci Tavares de Araújo Junior escreveu:

    Esse Governo ilegítimo, não dá ponto sem nó, essa é mais uma manobra para beneficiar amigos e ludibriar os trabalhadores.