Polícia abre inquérito para apurar crime ambiental atribuído à Prefeitura de João Pessoa

Manobras deste trator teriam aterrado mudas plantadas na margem do rio (Foto cedida por Tárcio Teixeira)

A Delegacia Especializada em Crimes contra o Meio Ambiente instaurou inquérito nesta terça-feira (21) para apurar denúncia de desmatamento ilegal na margem do Rio Jaguaribe no trecho próximo à nova ponte da Avenida Beira-Rio, em João Pessoa. A investigação foi solicitada pela Professora Doutora Lígia Tavares, do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba.

A vegetação foi retirada pela Defesa Civil da Prefeitura da Capital, sob justificativa de que a providência seria necessária para limpar o terreno e permitir a presença de máquinas que extraem “material impróprio” jogado no rio. Em entrevista à rádio CBN João Pessoa, Lígia Tavares revelou que fotografou o desmatamento e que tal ação foi consumada em área de preservação permanente (APP), o que é terminantemente proibido pela legislação protetiva do meio ambiente.

Já em rede social, Lígia comentou que a julgar pelas declarações do secretário municipal de Meio Ambiente, Abelardo Jurema Neto, publicadas ontem no blog, ele não teria conhecimento técnico-ambiental para falar sobre a questão. “Lendo com calma o depoimento do secretário, percebe-se o desconhecimento. Justifica a retirada da vegetação para dragagem e desassoreamento. Retirada de vegetação é a principal causa de assoreamento!”, escreveu.

O trabalho da Polícia Civil será acompanhado por ecologistas que no último sábado (18) plantaram cerca de 30 mudas de mangueiras e pau brasil no local. O Professor Lauro Pires Xavier Neto informou hoje que as mudas plantadas naquele dia foram soterradas por um trator que fez manobras no terreno onde foram arrancadas as árvores. Ele questionou ainda se a Prefeitura de João Pessoa tinha projeto e autorização para desmatar a APP.

O que diz o secretário 

O secretário Abelardo Jurema Neto explicou nesta terça que a intervenção na área faz parte do Programa de Dragagem e Desassoreamento dos Rios Urbanos executado pela Defesa Civil. “No referido Programa, determinadas áreas dos rios necessitam de intervenções para retirada de vegetação com a finalidade de abrir caminho para a passagem da máquina (draga). Essa autorização é dada pela Semam”, informou.

Ele adiantou que o replantio de árvores no terreno será feito tão logo a Defesa Civil conclua o trabalho. Recomendou que pessoas interessadas em recompor a vegetação deveriam aguardar o término dos serviços de dragagem para evitar que alguma máquina passe por cima de mudas plantadas. “Nos futuros plantios, as mudas serão selecionadas de acordo com o tamanho da área e com as espécies nativas corretas; sendo assim, todas as árvores serão plantadas de forma ordenada, para que, no futuro, a vegetação nativa feche toda área principalmente com a polinização através dos pássaros e de outros animais”, destacou.

Sobre o inquérito

Abelardo Neto considera a instauração do inquérito policial sobre o suposto crime ambiental uma iniciativa “de extrema importância para que as informações técnicas sejam separadas das falácias e das ilações”. E completou: “Sob a égide de um órgão especializado imparcial, não tememos qualquer tipo de expediente adotado e estamos à disposição para colaborar com todos esclarecimentos”.

Sobre o comentário de Lígia Tavares, de que ele não teria conhecimento técnico adequado, o secretário disse que nada tinha a responder por se tratar “de uma opinião pessoal eivada de parcialidade”. E revelou que já convidou a professora várias vezes para comparecer à Semam, onde poderia debater sobre vários problemas ambientais, mas, segundo Abelardo, “ela prefere os holofotes da mídia, o que entendo desnecessário, mas o convite permanece refeito”.

Abelardo observou, por fim, que o Rio Jaguaribe possui duas margens no trecho, “onde uma apresenta vegetação mais fechada e a outra (onde houve a intervenção), menos robusta, menos condensada”, o que levou a Prefeitura a optar “pela via de menor impacto”, assegurando que se não fosse adotada tal medida a cidade poderia “perder o manancial”.

É BOM ESCLARECER
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8 Respostas para Polícia abre inquérito para apurar crime ambiental atribuído à Prefeitura de João Pessoa

  1. ANA MARIA FRANCISCA escreveu:

    Pedimos as autoridades competentes, por favor façam uma fiscalização na mata atlântica em mangabeira 8 vizinho a fazenda olho nascente do arrail rio do cabelo. Os invasores da comunidade aratú estão desmatando e queimando a mata. Estão fazendo carvão com a madeira, construindo casa de tijolo dentro da mata ilegalmente. Falam alguma coisa por favor. Eles estão fazendo uma favela dentro da mata. Os moradores de mangabeira 8 cidade verde estão preocupados com tanto crime ambiental nas barbas dos poderes públicos e não estão fazendo nada. Por favor, cuidem da nossa mata que ainda resta. Além de falar com vocês, vamos denunciar ao ministério público a prevaricação do estado e do município que estão vendo e não faz nada. vão acabar com a mata do rio do cabelo.
    Essa mata é vizinho ao terreno da construtora Holanda antes da penha e perto da comunidade do aratú e são esse povo do aratú que estão invadindo tudo e desmatando e vendendo lotes.

    Muito obrigado.

  2. pedro escreveu:

    Eu sugiro a professora que denuncie também as casa que invadiram o leito do rio, apropriando-se da área de preservação permanente. Principalmente, as manções voltadas para o cabo branco, no quarterão do Mc Donalds.

  3. Caro amigo. O que a professora faz é alarde, pois o manancial Rio Jaguaribe vive cheio de detritos lançados por irresponsáveis que lá jogam restos de produtos domésticos como sofás, bacias sanitárias, garrafas petti, peças de automóveis, esgotos, detritos e produtos de lava-jatos, hospitais e comércios variados fazem do Rio um depósito de lixo, fazendo com que haja assoreamento do manancial e assim haja alagamento por várias regiões da Cidade de João Pessoa. O que poderia haver era uma intervenção do Poder Público, diga-se Prefeitura Municipal em conjunto com as Instituições ambientais, Universidades Federal e Privadas com o intuito de salvarem o Rio, pois em breve não se terá água potável para nenhuma necessidade básica e um Rio desta magnitude que é perene todos os meses do ano e viver poluído por irresponsabilidade de quem poderia dele cuidar e não o fazem porque desagradaria a muitos poderosos, é mesmo um absurdo e um crime. Aí, sim, é o verdadeiro CRIME AMBIENTAL. Em vez de ficarem trocando farpas, unam-se em benefício do Rio e do Meio Ambiente que é melhor.

  4. Zgadrim escreveu:

    É o Manaíra Shopping?

  5. Ligia escreveu:

    A matéria cita meu nome e cria polêmica e peço direito à resposta. Cita que quero holofote, mas o comentário que fiz foi em um grupo fechado. Já escrevi no grupo que não achei legal repassar o que comentei sem permissão. Quanto à denúncia, fiz apenas o meu papel de moradora. Além do mais nunca fui convidada para ir à SEMAM dialogar. Tenho comparecido em fóruns públicos, como parte do meu trabalho de professora extensionista da UFPB, debater e informar temas de minha especialidade.
    Desmatar Mata ciliar é crime ambiental. E o poder público deve proteger o patrimonio ambiental e a qualidade de vida. Por isso pagamos impostos. É o que tenho a declarar.

  6. Paula Medeiros escreveu:

    Deveria também abrir processo para investigar os danos causados pela construção da Estação ciência que ultimamente vem derrubando a barreira do Cabo Branco, todo aquele desmatamento que foi feito na área prejudicou e acentuou a erosão. E quanto o desmatamento que foi feito no cuiá?

    • Ligia escreveu:

      Como cidadãos e cidadãs, todos podemos denunciar irregularidades. O telefone é 197. Não precisa se identificar e fazer a denúncia de crimes ambientais.
      Sobre a Estação houve à época denúncias de irregularidades e negociações de compensações. O exercício da cidadania deve ocorrer pois é assim que se constrói uma cidade melhor. Estamos atrasados na participação cidadã, o processo é lento e há sempre a politização dos fatos, mas estamos caminhando.