Calçadinha do Cabo Branco, um dos atrativos do bairro (Foto: G1PB)

Depois de morar um bom tempo em edifício na orla da Lagoa, no Centro de João Pessoa, por ter voltado temporariamente à solteirice voltei também a dormir em casa. Literalmente. Porque apenas dormia em uma casinha de vila na qual me acolheu o também jornalista Wellington Farias, meu compadre, outro que se descasara praticamente na mesma época.

A vila pertence ao bairro de Jaguaribe, de onde saí com minha mobília – um colchão e uma rede preguiçosa, como diz o poeta – para ser outra vez hóspede de compadre WF em novo endereço. Dessa vez, no Conjunto dos Radialistas do Ernesto Geisel, outro residencial construído pela velha Cehap de guerra e que há muito assumiu o status de bairro por ter todos os predicados e equipamentos para tanto.

Não dormi mais do que seis meses no Geisel. Retornei ao Centro para morar no Edifício Santa Rita, onde aluguei apartamento que passei a dividir com o jornalista Fernando Moura, outro que separara da mulher – ao menos por um tempo. Mas por esse tempo já namorava Madriana, a minha Branca, com quem casei e planejei – e estamos construindo até hoje – uma vida a dois para ir até o final, o nosso ou dos tempos.

Tivemos Ila em 1997, minha caçula, que nos trouxe a necessidade de mudar outra vez de endereço e estilo de moradia. De casa para apartamento. Sabem como é… A cidade crescendo e junto com ela, a violência. Só esperamos a menina completar sete anos. Após breve passagem pelo Castelo Branco, sucedido por uma temporada boa no Pedro Gondim, fixamo-nos em apartamento no Cabo Branco, onde moramos desde novembro de 2004.

Mas permanece a vontade de um dia voltar a morar em uma casa. “A vontade é no corpo todo”, como gosta de dizer o filósofo Sérgio Botelho. Vontade que aumenta à medida do desenvolvimento físico e intelectual de Ila, que nas duas medidas já passou mãe e pai faz tempo. O Projeto Casa não foi arquivado, portanto. Tanto que andei tentando compensar o sonho ainda irrealizado. Comprei terreno para construir uma em Bananeiras, para ir treinando.

Não deu certo, não dei conta. Vendi ligeirinho o terreno ao meu amigo Gesiel Cândido. O que só fez aumentar a dificuldade de argumento para convencer Dona Branca a trocar apartamento por uma casa na Capital. Mesmo que seja para morar em um desses condomínios horizontais que tomaram conta do Altiplano, aparentemente tão seguros quanto prédio de apartamento.

Só tem um problema: não é coisa para o bico do pretendente e, o mais importante, o plano não emplacou lá em nós. Assim, enquanto não conquisto a adesão dela a esse outro jeito de morar, esforço-me para tomar uma decisão sem um pingo de receio de repetir Paulo Soares, pediatra dos mais queridos e concorridos, de quem sentia a maior inveja quando ele explicava porque não conseguia ver-se morando em um apartamento.

– Já pensou o que é você acordar no meio da noite e não poder ir ao quintal ou jardim e dar aquela mijadinha debaixo d’um pé de manga? – provocava. Digo provocava porque Doutor Paulinho traiu a causa. Vendeu a casa da mangueira que adubava ou arruinava com urina. Trocou por cobertura em um espigão chique do Cabo Branco.

Para ler todos os capítulos

Mudanças e Moradias. De Bananeiras a João Pessoa

Da casa do Campus ao centro da cidade

Feito Gonzaga, também tenho um sítio que anda comigo

Na última casa em Bananeiras, a mocinha da casa foge para casar

Na casa de conjunto, no escurinho da mangueira

Do vício de fumar à rejeição da menina do Liceu

Tragédia familiar força mudança para o centro da cidade

Ameaças motivam troca de casa por apartamento