Ei, Lira, a mosca azul de Ricardo só pousa onde ele quer

Ricardo Coutinho e Raimundo Lira (Foto: Assessoria Parlamentar)

Ricardo Coutinho e Raimundo Lira (Foto: Assessoria Parlamentar)

O senador Raimundo Lira comporta-se como quem está visivelmente picado pela mosca azul, aquele tipo de inseto que contamina os humanos com o vírus da cobiça pelo poder. No caso, mais poder ainda, algo que para alguns políticos paraibanos é um verdadeiro elixir da longa vida, a vacina mais eficiente contra a decrepitude física e mental.

Como o próprio Lira disse um dia em 1986, logo após ser eleito pelo voto popular para o Senado, “melhor que isso, só dois issos”. O problema: dessa vez, para chegar aos dois issos do bordão de Didi, personagem do comediante Renato Aragão, o senador parece crente que vai poder tomar por empréstimo a mosca azul de Ricardo Coutinho. Aí, a coisa começa a complicar

Primeiro porque o governador, conhecido muquirana, não empresta nada a seu ninguém. Além de mão fechada, Ricardo é do tipo que não confia nem na própria sombra. Quando muito, em Cori, o irmão. Difícil acreditar que inclua um cristão novo no credo girassolaico apenas porque Lira dá seguidas demonstrações de prestígio e apoio ao monarca paraibano.

De qualquer sorte, o senador virou tão ricardista que na última eleição, a municipal, dissentiu abertamente do seu partido, o PMDB, para apoiar na Capital a Professora Cida Ramos, essa sim devidamente picada pela mosca azul com o consentimento do governador. E Lira apoiou a candidata do PSB à Prefeitura de João Pessoa mesmo ela concorrendo com o prefeito Luciano Cartaxo, que tinha como vice ninguém menos que o peemedebista Manoel Júnior.

Não dá pra dizer se o apoio do senador tenha ou teve algum peso no resultado eleitoral. Afinal, ele não tinha e ainda não tem os votos que seguramente imagina ter. Especialmente na Capital, onde pouco investiu política ou empresarialmente por toda a vida. A não ser em uma máquina de divulgação que reúne jornalistas do melhor gabarito para enaltecer e incensar o indisfarçável e acendrado cabotinismo de Lira.

De qualquer modo, ele mantém o gesto, o movimento na direção da Granja Santana ou de uma reeleição para mais um mandato senatorial. O que lhe é legítimo, como também o é o cerco a Ricardo Coutinho, cercando-o com os braços do prestígio que o senador passou a desfrutar em Brasília desde quando comandou a comissão especial do Senado que virou a ponta do prego do golpe que derrubou Dilma Rousseff da Presidência da República.

Legítimo e compreensível, portanto, que Raimundo Lira almeje ser eleito governador ou reeleito para o Senado em 2018 fazendo dobradinha com Ricardo Coutinho (se até lá a Justiça Eleitoral mantiver o governante elegível, é claro). Mas, inteligente como é, já deve ter percebidos que apenas abraços, afagos e manifestações públicas de alinhamento não são suficientes para cair nas boas graças do soberano.

Por enquanto, no revigorado e superlotado Coletivo RC, só tem lugar pra Lira se ele se amorcegar no para-choque traseiro.

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