Ex-secretário revela: governo Cássio abandonou adutora que evitaria colapso em Campina

Francisco Jácome Sarmento: adutora Gramame-Campina é inviável (Foto: Arquivo/JP)

Sarmento: adutora Gramame-Campina é inviável (Foto: Arquivo/JP)

Entrevistado nesta sexta-feira (9) pelo blog, o Professor Francisco Jácome Sarmento revelou que Campina Grande teria hoje como evitar o colapso de abastecimento de água, mesmo sem contar com a transposição do São Francisco. Teria se o governo de Cássio Cunha Lima (PSDB) não tivesse abandonado a obra de uma adutora que levaria água da barragem de Acauã até a Estação de Tratamento de Gravatá, que serve àquela cidade e também a Queimadas.

Um dos maiores especialistas do país em recursos hídricos, Sarmento fala com autoridade científica e acadêmica – é Professor Doutor da UFPB na matéria. E também com experiência de gestor. Foi secretário de Estado para cuidar especificamente da sua área de conhecimento nos governos de José Maranhão, entre 1998 e 2002 e do final de fevereiro de 2009 a 31 de dezembro de 2010. Integrou ainda a equipe que formatou a versão final do projeto da transposição do Rio São Francisco no governo Lula.

Na entrevista ao Rubão, ele também mostrou ser inviável a montagem de uma adutora para levar até Campina e região a água da barragem de Gramame, que abastece João Pessoa. Sarmento aponta os obstáculos técnicos e econômicos para execução de projetos com aquele objetivo. Projetos como aqueles que foram expostos semana passada durante Seminário sobre a Crise Hídrica no Semiárido Paraibano, promovido na Capital pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).

O que diz Sarmento

  • Professor, é viável, recomendável e oportuno levar água de João Pessoa até Campina (o projeto da Cagepa seria uma adutora Gramame-Acauã e daí até a Estação de Tratamento de Gravatá)?

– No caso da atual crise hídrica de Campina Grande, ainda que fosse economicamente viável a construção de uma adutora emergencial para levar água do litoral para a serra, não há tempo para isso. São pelo menos 120 km de distância, desnível topográfico de mais de 600m que precisaria ser vencido com, no mínimo, 6 estações de bombeamento, para as quais faz-se necessário a construção de linhas e subestações elétricas, instalações físicas e mecânicas, entre outras obras, que não se constrói em nenhuma parte do mundo em um prazo de seis meses, tempo até o início dos possíveis aportes hídricos do inverno de 2017 (se houver).

– Além do mais, uma obra como essa, ainda que pudesse ser executada com a urgência exigida pela crise, se tornaria totalmente obsoleta, pois a Eixo Leste da Transposição sempre será mais atrativo enquanto fonte de suprimento hídrico, posto que atende não somente à Campina Grande, mas sim a região de menor índice pluviométrico do país: o Cariri da Paraíba. Apenas para se ter uma ideia, a altura de bombeamento na hipótese de se levar água para Campina Grande a partir do litoral seria da ordem de 800 m, enquanto que essa altura no Eixo Leste é de apenas 300m.

  • O senhor tem conhecimento desses estudos e alternativas, existiam no seu tempo, foram posteriores ou somente concluídos recentemente, como deu a entender Marcus Vinicius, presidente da Cagepa?

– Essas alternativas sempre foram comentadas por técnicos e mesmo por pessoas sem formação nessa área de conhecimento, mas interessadas no assunto. A alternativa que pusemos em prática no ano 2000, quando o governo FHC, sabidamente, não cogitava executar as obras da transposição, foi o Sistema Adutor Acauã, que chegou a ter cerca de 5km de adutora implantados, levando água da barragem homônima até a ETA (Estação de Tratamento de Água) de Gravatá, que serve às cidades de Campina Grande e Queimadas. O governo entrante em 2003 abandonou a obra. A altura total de bombeamento era de pouco mais de 500m. Na época, a explicação dada pela Secretaria Estadual de Recursos Hídricos para não continuar a implantação foi que essa altura de bombeamento era muito grande. Hoje, alguns desses mesmos senhores que descartaram aquele empreendimento falam em levar água do litoral… Pelo visto, o destino hidrológico (se é que existe essa modalidade) lhes pregou uma peça.

  • Mesmo com a água da transposição, não seria prudente fazer uma adutora assim pra regularizar Boqueirão ou cair água direto na rede de Campina e entorno, talvez como reserva técnica?

– Realmente não. A existência do Eixo Leste da transposição inviabiliza por completo essa ideia.

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12 Respostas para Ex-secretário revela: governo Cássio abandonou adutora que evitaria colapso em Campina

  1. Joelson calixto do nascimento escreveu:

    Sou paraibano com muito orgulho,tenho profunda aversao a esses governantes, podres politicos… na minha infancia banhava-me e saciava a minha sede com aguas vindas de vaca brava – Campina ate inicio dos anos 80 era abasteccida por Boqueirao e brejo de Areia (vaca brava). Passaram se os anos mais de 30. ( aumenta a populaçao> consumo< oferta= colapso isso e uma VEGONHA

  2. Este professor sarmento so fez até agora obras faraonicas….pra se dar bem, anos sabia dia problema hídrico, e não fez nada, agora vem bancar de herói procurando chifre em cabeça de viado!

  3. César Cardoso escreveu:

    Dedico esse 11 de setembro aos governos Cássio e de Ricardo. Ao primeiro por ter passado pelo estado deixando a marca do abandono de obras como o Canal da Redenção, os projetos de irrigação do vale do Piancó e a barragem Camará. Ao governo Ricardo por deixar os campinenses entregues à sorte em seu abastecimento de água, sem ter feito nada pra evitar o pior. Ficou só esperando a incompetência do governo Dilma. São dois governantes desastrosos como o próprio 11 de setembro dos norteamericanos.

  4. Gerson Pires escreveu:

    Esse professor Sarmento levou ZERO. Falastão! é o mesmo que “torrou” 1,5 Bi de reais no canal da redenção! Fraco demais! Adora obras faraônicas sem função alguma!

  5. Tiago Oliveira escreveu:

    Esse cara aí tá babando Cassio, mas é verdade que o ateu do Ricardo tá esperando mesmo é que são Pedro resolva a parada. Aí aí Campina Grande eu vivo aqui tão só. Mas sem água não dá pra voltar não. .

  6. Everton Meireles escreveu:

    Cassio não continuou a obra porque sabia que a transposição ia ser feita por Lula. O problema foi esse governo Dilma que não terminou a transposição e o aliado dela aqui na Paraíba, Ricardo Coutinho, que não fez nada pra reforçar a água de Campina. Se acontecer o que esse professor disse que pode acontecer, quero ver em quem Ricardo vai botar a culpa. No governo Temer? Que só começou em definitivo na semana passada?

    • Almir Nobrega escreveu:

      Ta brincando camarada. Quer defender o golpista Cássio, faça sem misturar os algarismos.

    • Nilda câmara de Araújo escreveu:

      Tivemos 500 de história e os políticos fizeram da seca do nordeste uma indústria. O único político que tornou esse sonho realidade foi lula e continuado por Dilma….fingir que não sabe disso é ser partidário com tapas olho.

  7. Amanda Soares escreveu:

    Foi aluna de engenharia do professor Sarmento. Ele realmente domina o assunto. Em 2004, Acauã sangrou antes de Boqueirão, fato que ocorreu várias outras vezes. Isso prova que Acauã tem seu próprio potencial de ofertar água. Basta pesquisar na internet que essa informação esta lá. Só lamento pelos que dependem das águas de Boqueirão, pelos campinenses e outros moradores de outras cidades

  8. Robério Cardoso escreveu:

    O professor tem razão, não existe alternativa pra Campina a essa altura do campeonato. Se 2017 for de seca só restará aos campinenses descerem a serra ….

  9. Joaquim Carneiro escreveu:

    Trabalhei no pojeto de Acauã. O enchimento da barragem não depende de Boqueirão. Hoje Acauã acumula cerca de 30,milhões de m3. Ou seja, se existisse a adutora Campina teria o dobro de água disponivel que tem hoje: 30 milhões de Boqueirão + 30 milhões de Acauã = 60 milhões de m3.

  10. João Tereza de Mello escreveu:

    Quem sou eu para questionar o Professor Francisco Jácome Sarmento, mas o maior erro da história foi ele construir Acauã, que por sinal estar tão seca quanto Boqueirão. O detalhe é o seguinte, Acauã , depende diretamente das águas jusantes de Boqueirão, ou seja, só enche quando Boqueirão sangra. Acauã tá seco!