Empresas distribuem cestas básicas e pagam contas de eleitor

De uma forma ou de outra, campanha fazem sujeira (Foto: Arquivo/Jornal do Senado)

De uma forma ou de outra, campanha fazem sujeira (Foto: Jornal do Senado)

Com a proibição do financiamento de campanhas eleitorais por empresas, alguns candidatos a vereador e a prefeito nas eleições deste ano já estariam “dando um jeitinho” de burlar tanto a legislação aprovada pelo Congresso Nacional em novembro do ano passado quanto a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que em setembro de 2015 declarou inconstitucional o patrocínio de candidaturas por pessoas jurídicas.

Informações chegadas ao blog denunciam que na Paraíba, especialmente nas maiores cidades, empresários que constroem obras públicas, prestam serviços e ou fornecem produtos a governo estão distribuindo cestas básicas e pagando contas de água, luz, telefone, farmácia e até o gás de cozinha do eleitor. Também transferem dinheiro para contas de pessoas físicas que, por sua vez, repassam a doação aos partidos e candidatos da preferência.

Na entrega de alimentos e outros materiais a eleitores pobres, tradicional esquema de compra de votos, o candidato não aparece, mas o eleitor que se deixa comprar sabe a quem está se vendendo. As empresas ‘convocadas’ se encarregam de tudo. Acertam local, data e horário da distribuição com coordenadores de comitês de campanha ou pessoas designadas pelo ‘chefe político’ dos grupos políticos envolvidos na operação. Que é realizada da forma mais discreta possível, em alguns casos com a cobertura de guarda-costas armados.

“Para não deixar polícia nem fiscal do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) encostar”, comentou um candidato a vereador da Capital sobre a proteção montada para essa logística. Ele falou e contou o que diz saber porque se sente preterido pela cúpula do seu partido. Acusa o presidente da legenda de usar o fundo partidário exclusivamente para financiar a campanha de apenas dois postulantes da sigla. Os nomes são do conhecimento do blogueiro, mas não serão revelados aqui por motivos óbvios. “Além disso, esses (candidatos) preferenciais são afilhados do ‘homem’ e contam ainda com uma boa cota de empregos no governo”, acrescentou.

A contrapartida do privilegiamento dos concorrentes com ‘padrinho forte’ seria os dois mais bem aquinhoados, uma vez eleitos, transformarem-se automaticamente em cabos eleitorais do presidente do partido, que em 2018 – caso tenha eleição – pretende disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. “Em cada partido ou coligação o esquema é o mesmo: os candidatos a vereador com maior potencial ou mais prestígio junto aos caras lá de cima estão recebendo ajuda com força para daqui a dois anos ajudarem na campanha de quem vai tentar mandato federal ou estadual”, disse.

Poupança ressarcida

Outro candidato de outro partido, igualmente escanteado (“e sacaneado”, emenda), garante que no caso de campanhas majoritárias o sistema de doações de empresas a pessoas físicas funciona de modo simples e eficiente. “Calcula-se quanto o secretário ou ocupante de cargo comissionado bem remunerado faturou no emprego em 2015, daí entregam à pessoa 10 por cento do total da renda declarada (percentual máximo permitido em lei para doação de pessoa física a candidato ou partido) e o cara repassa o dinheiro à campanha”, descreveu.

Segundo ele, não há dificuldade em mostrar uma ‘origem lícita’ do dinheiro proveniente de empresas. “Isso tudo tá armado desde o ano passado. Muitos secretários, aspones e parentes de candidato ou candidata a prefeito abriram contas de poupança ou de investimento especialmente para isso. Foram feitos depósitos de verdade nessas contas por seus titulares, até o limite do valor legalmente possível de ser doado. Fizeram assim já sabendo que agora teriam que transferir para a conta específica da campanha na qual vai aparecer como doador. Simultaneamente, o rombo na conta de quem doou é coberto pela pessoa jurídica combinada, que, por sua vez, deve ter mil e uma maneiras de contabilizar ou lavar a grana que desembolsou”.

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