Por economia, donos de postos arriscam vida levando apurado pessoalmente ao banco

Polícia no posto após (sempre após) assalto que acabou em morte (Foto G1 Paraíba)

Polícia em posto de gasolina após (sempre após) assalto que acabou em mortes (Foto G1 Paraíba)

Por conta de uma alegada margem estreita de lucro, que na média seria de apenas 3,5% do faturamento, a maioria dos donos de postos de gasolina da Grande João Pessoa não contrata serviço de guarda e transporte de valores a empresas especializadas, segundo informações colhidas pelo blog junto a revendedores de combustível da Capital.

“Todos sabem o quanto é temerário guardar dinheiro no próprio posto ou levar pessoalmente o apurado ao banco, contando, quando muito, com a companhia de um funcionário de confiança, mas as empresas que fazem o serviço com homens armados e treinados para tanto cobram não menos que R$ 6.500 por mês”, disse um que não se arrisca.

Outro garante que o preço cobrado pelas empresas de vigilância é “proibitivo” para quem trabalha com “margem tão apertada”, não deixando alternativa para muitos que preferem baixar o preço e vender mais barato apenas “no dinheiro” para economizarem, inclusive, os custos de operar com cartão de crédito.

“Além do aluguel da maquininha (POS, ponto de venda ou de serviço), as operadoras de cartão cobram taxa em torno de 5% e nem sempre é possível repassar tudo para o consumidor. Os cartões realmente impactam a margem de lucro líquida dos postos e, dependendo do faturamento, esse impacto pode chegar a 20% dessa margem”, calculou um representante do segmento.

Esses empresários não se manifestam publicamente porque não é seguro que se exponham, principalmente porque, garantem, além de um lucro compensador, o que mais falta entre eles nesse meio é harmonia, unidade de pensamento e de procedimentos. “Até por que se isso acontece, imediatamente vão dizer que estamos de novo operando como cartel”, queixou-se um deles.

A unanimidade possível entre eles, no momento, resume-se à necessidade de contratação de firmas de vigilância armada para o transporte do dinheiro dos postos aos bancos. A ideia é negociar o preço e até formar grupos de clientes para atrair as prestadoras do serviço a uma negociação que barateie os valores cobrados.

“Como não temos segurança pública digna desse nome em canto nenhum da Paraíba, só resta pagar e tentar minimizar ao máximo outros custos pra gente tentar sobreviver tanto empresarialmente como pessoalmente, se é que você me entende”, afirmou o último com quem conversei sobre o assunto.

Acredito que entendi perfeitamente quando ele se referiu à inexistência de uma “segurança pública digna desse nome” no Estado, onde a facilidade do bandido para assaltar e matar cresce na mesma proporção da dificuldade da pessoa de bem ver policiamento ostensivo ou preventivo nas ruas. Em quantidade e qualidade adequadas ao combate à violência nossa de cada dia.

Compreendi também quando ele se referiu a sobreviver “tanto empresarialmente como pessoalmente”. Imagino que tem a ver, por exemplo, com o assassinato de dois donos de postos de gasolina em menos de um ano na Capital durante tentativas de assalto.

Um assassinato aconteceu na última segunda-feira, 11, no Banco do Brasil do Bessa, na Capital, tendo como vítima Marcone Morais, proprietário dos postos Expressão. Ele levava sozinho ao banco uma mochila cheia de dinheiro ‘em espécie’ quando foi atacado e morto a tiros na porta da agência.

O outro assassinato ocorreu no dia 22 de setembro do ano passado, num posto de gasolina no bairro da Torre. O empresário Geraldo Mamede, 41 anos, também reagiu a bala a um assalto. Matou o assaltante, mas também morreu. Tal e qual Marcone, que baleou e matou quem tentou lhe arrancar a mochila, mas foi baleado e morto por outro criminoso.

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