Empresário assassinado ficou conhecido por denunciar cartel da gasolina

No BB-Bessa, um corpo estendido no chão (Foto: Jornal da Paraíba)

No BB-Bessa, um corpo estendido no chão (Foto: Jornal da Paraíba)

Marcone José Ferreira de Morais, o empresário assassinado em suposta tentativa de assalto na tarde de hoje (11) no Bessa, Capital, ficou conhecido em toda a Paraíba e parte do Nordeste em 2007, quando teria ajudado o Ministério Público e a Polícia Federal a desmantelar um cartel de revendedores de combustíveis que dominava o mercado do setor em João Pessoa e Recife (PE).

Dono de posto de gasolina, que na época (maio/junho daquele ano) era vendida quase uniformemente por R$ 2,74 o litro em toda a cidade, Marcone foi pressionado a alinhar o seu preço aos demais. Mas não cedeu e teria denunciado as ameaças que viria recebendo de ‘colegas’, que acabaram presos na Operação 274, deflagrada pelo MPF e a PF em 4 de junho de 2007, tanto em João Pessoa como em Recife (PE).

Referência explícita ao preço cartelizado da gasolina, a Operação 274 prendeu pelo menos 17 empresários do ramo dos combustíveis na Capital paraibana. Prendeu também o distribuidor Marcelo Tavares de Mello, de Pernambuco, acusado de liderar o cartel e de dominar o mercado nos dois estados de forma verticalizada.

Tavares de Melo seria proprietário oculto de vários postos de gasolina na Paraíba e em Pernambuco, praticando acúmulo ilegal no setor, segundo as normas de proteção ao livre mercado e aos direitos do consumidor. Afinal, quem distribui e ao mesmo tempo vende produto tão necessário quanto estratégico tem enorme poder de ditar ou combinar preços.

Quando do anúncio das prisões da Operação 274, a PF divulgou que Marcone não fora pressionado apenas pela ‘concorrência’. A Texaco, multinacional do setor e sob a bandeira da qual operavam os postos do dissidente do cartel, também teria ameaçado desabastecer seu representante em João Pessoa, caso ele não atendesse aos ‘apelos’ pró-alinhamento de preços.

Caso semelhante na Torre em 2015

Marcone Morais é o segundo dono de posto de gasolina assassinado em menos de um ano na Capital em circunstâncias semelhantes às ocorridas no dia 22 de setembro de 2015 na rua Bento da Gama, na Torre, em João Pessoa. Naquela data, Geraldo Mamede Alexandrino, do Posto Triunfo, reagiu ao que seria o oitavo assalto sofrido por seu estabelecimento em dois anos.

Do tiroteio entre empresário e ladrão os dois saíram gravemente feridos. Levados para o Trauma, ambos vieram a falecer no hospital. Tanto essas mortes como as de hoje (11), confirmadas após uma troca de tiros no Banco do Brasil do Bessa, podem ser consequência da onda de violência que toma conta do Estado e de suas maiores cidades, principalmente.

É possível, contudo, que em razão da história pessoal de Marcone a Polícia não venha a descartar de plano a hipótese de homicídio, de uma morte por encomenda, de uma vingança, enfim.

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