Violência na Paraíba: bancos esvaziam caixas eletrônicos nos finais de semana

Agência de Monteiro, no Cariri, após explosão (Foto: g1.globo.com/pb)

Agência de Monteiro, no Cariri, após explosão (Foto: g1.globo.com/pb)

Boa parte das agências bancárias instaladas no interior da Paraíba está deixando sem dinheiro os seus caixas eletrônicos nos sábados, domingos, feriados de meio de semana e feriadões, causando insatisfação e muita reclamação de quem mora ou visita as cidades atingidas pelo desabastecimento. Que tem como principal motivo os constantes assaltos a banco, causados em sua quase totalidade pela falta de segurança e de policiais na maioria das localidades afetadas pela onda de violência no Estado.

Mais numerosas e mais visadas pelos bandidos que quase diariamente arrombam ou explodem caixas eletrônicos no Estado, muitas das agências de bancos oficiais, principalmente Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, foram autorizadas pelas direções regionais a retirar todo o dinheiro que houver após encerrarem o expediente da sexta-feira ou em véspera de feriado. A providência não tem evitado os ataques, mas pelo menos estaria reduzindo o prejuízo dos estabelecimentos.

“O problema todo é a insegurança aliada à precariedade ou insuficiência da força policial nas cidades de pequeno e médio porte da grande maioria dos municípios paraibanos. Ao ponto de uma mesma agência já ter sido invadida e assaltada mais de duas vezes em alguns casos. Para não fechar de vez, gerências locais recebem autorização para zerar os cashes nos finais de semana. Por enquanto, seria a única forma de inibir os assaltos e diminuir o prejuízo”, disse ao blog neste domingo (3) um bancário que trabalha em agência do interior.

Outro, já aposentado, explicou porque os bancos não investem em tecnologia que inutiliza as cédulas alvo de qualquer ação criminosa. A exemplo de um dispositivo que espalha tinta nas notas guardadas em caixas eletrônicos, caso os equipamentos sejam mexidos de alguma forma. “É uma questão de custos. O entintamento a que você se refere está sendo gradativamente implantado por bancos oficiais, pelo que soube, mas é um outro caixa que recebe esse tipo de proteção, digamos assim, porque o sistema é muito caro e os bancos preferem esvaziar todos os caixas nas agências mais expostas ou mais vulneráveis”, explicou.

Trata-se, contudo, de  uma providência de risco ou causadora de um risco potencialmente maior. Porque o dinheiro retirado das máquinas é guardado inevitavelmente nos cofres do próprio banco. E aí, talvez por tomarem conhecimento da ‘estratégia’ dos banqueiros, presume-se que os bandidos também estejam mudando a sua. Daí por  que mais agências e menos baterias de caixas eletrônicos têm sido dinamitadas pelos assaltantes nos últimos meses.

Muitos bancos não fecharam suas agências e postos no interior, apesar dos assaltos que sofrem, porque dizem estar cumprindo uma ‘função social’. Por função social entenda-se, entre outros serviços bancários, o pagamento de salários, aposentadorias e outros benefícios previdenciários, além da guarda do dinheiro que circula no comércio local ou microrregional. “Porque tudo o mais não compensa, da baixa lucratividade ao risco a que se submetem em regiões onde a força pública é quase inexistente, tão poucos são os policiais destacados para as pequenas e médias cidades paraibanas”, avaliou o bancário aposentado.

 

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